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Transgenicos: um debate oportuno

GM, Opiniao, p.A3
Autor: RIBAS FILHO, Durval
02 de Ago de 2005

Transgênicos: um debate oportuno
Sem a biotecnologia será impossível alimentar a população mundial.
Durval Ribas Filho
Nos dias 8 a 10 de setembro a Associação Brasileira de Nutrologia (Abran) promoverá o IX Congresso Brasileiro de Nutrologia, em São Paulo. Com público estimado em 1.500 participantes, o evento abrange atividades paralelas como a X Conferência sobre Obesidade, o III Meeting do International College of Nutrition (Ican) e a II Conferência de Direito Humano à Alimentação Adequada. A Abran abrirá espaço no dia 9 de setembro para a realização de um simpósio sobre os alimentos geneticamente modificados por acreditar que os transgênicos são fundamentais para o desenvolvimento do País e necessários para o avanço da biotecnologia. Cientistas importantes vão participar do evento, apresentando novas pesquisas sobre os transgênicos. Para quem duvida dos benefícios trazidos pela biotecnologia, eles estão presentes, por exemplo, na medicina, permitindo a produção da insulina humana, do hormônio de crescimento, de vacinas para hepatite B. Os avanços já apontam para a possibilidade da descoberta da chave da longevidade do ser humano, um sonho antigo dos cientistas que pesquisam o envelhecimento humano. Na agricultura, se utilizássemos a mesma tecnologia de quatro décadas atrás, haveria necessidade de se cultivar 1 bilhão de hectares a mais do que cultivamos atualmente. Graças à adoção de diferentes tecnologias, entre elas a biotecnologia no campo, foi possível ampliar, significativamente, o rendimento da produção de grãos por área plantada. Até o ano de 2025 haverá a necessidade de se duplicar a produção de alimentos, pois somente dessa maneira haverá alimento suficiente para nutrir a população, projetada em 9 bilhões de pessoas para essa época. Em relação à alimentação e à nutrição, a biotecnologia pode ainda favorecer de forma direta o aumento da produtividade e disponibilidade de alimentos, além de beneficiar o consumidor com produtos que teriam outras funções além da nutrição: substâncias funcionais que favorecerão a prevenção e também o tratamento de doenças. O tomate, a soja, a batata e o milho foram as primeiras plantas a passarem por modificação genética, também conhecida como transgenia, controlando o seu amadurecimento ou tornando-os tolerantes a certos herbicidas e alguns insetos-pragas. É a chamada primeira onda dos produtos geneticamente modificados, que produziu alimentos que tiveram sua durabilidade prolongada, além de se tornarem protegidos contra agressores externos. Novos avanços estão surgindo com a segunda onda de alimentos transgênicos, em que será possível, por exemplo, aumentar o teor de aminoácidos de cereais e leguminosas, alterar a quantidade de tocoferol (vitamina E), que ajuda a combater os radicais livres e que pode ser aumentada em 80 vezes no óleo de soja. Além disso, já está em estado avançado de desenvolvimento o arroz rico em beta-caroteno e ferro, substâncias importantes para prevenir doenças importantes sob o ponto de vista da saúde pública, como a anemia e a cegueira noturna. Os mais diversos órgãos científicos e organizações internacionais do mundo, como a Organização Mundial de Saúde (OMS), já se manifestaram sobre a segurança dos alimentos geneticamente modificados que vêm sendo aprovados para consumo. Todos eles são cuidadosamente avaliados antes de serem introduzidos no mercado. Muitos questionamentos ainda serão formulados, mas a pesquisa na área da biotecnologia precisa ser estimulada. Esse é o papel da classe científica. É dentro desse contexto que a Abran direciona seus trabalhos científicos. As pesquisas com os transgênicos são necessárias para o desenvolvimento do conhecimento e para a contínua avaliação de segurança dos produtos modificados. O profundo conhecimento sobre essa tecnologia será essencial para o desenvolvimento sustentável de nosso agronegócio e de nossa medicina. O País não pode ficar com a visão nebulosa da política, e sim com a clareza dos fatos científicos sobre a questão dos transgênicos.
Durval Ribas Filho - Médico, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran).

GM, 02/08/2005, p. A3

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