OESP, Geral, p.A6
24 de Fev de 2004
Transgênicos polarizam evento na Malásia Debate sobre comércio de alimentos modificados divide Conferência de Biossegurança
KUALA LUMPUR - Mais de 2 mil pessoas, entre representantes de 180 governos, organizações internacionais e grupos ecológicos, participam desde ontem da 1.ª Conferência Mundial sobre Biossegurança, em Kuala Lumpur, na Malásia. No encontro, deverá ser discutida a regulamentação do comércio internacional de produtos da biotecnologia - em especial, os alimentos transgênicos. A reunião, que vai até quinta-feira, é a primeira desde a ratificação do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança, que entrou em vigor em 11 de setembro do ano passado.
A reunião é organizada pela ONU, dentro do Convênio Mundial sobre Diversidade Biológica. Durante a conferência, os especialistas tratarão da criação de um selo internacional para estes produtos e tentarão forçar os quatro principais produtores de transgênicos do mundo (China, Canadá, Estados Unidos e Argentina) a assinarem o protocolo. Estas nações produzem 90% dos transgênicos do mundo.
Divergências - Consenso porém é difícil. A conferência virou mais um cenário para o enfrentamento de críticos dos transgênicos, que questionam sua segurança, e seus defensores, que apresentam a tecnologia como mais uma arma no combate à fome. A Amigos da Terra, ONG ambientalista, abriu o debate dizendo que, em dez anos, a Monsanto e outras empresas de biotecnologia só conseguiram vender transgênicos nos Estados Unidos. No entanto, de 1996 a 2003, a área global de plantio de transgênicos saltou de 1,7 milhão de hectares para 67,7 milhões. As projeções indicam que o total deverá chegar a 100 milhões de hectares plantados em 25 países nos próximos cinco anos.
A grande controvérsia em Kuala Lumpur gira em torno dos riscos potenciais dos transgênicos e a regulamentação de seu comércio, particularmente da rotulagem. O Protocolo de Cartagena, de janeiro de 2000, dá aos países o direito de proibir a importação de transgênicos invocando o princípio da precaução. O acordo não foi firmado pelos Estados Unidos, mas foi ratificado por 86 países e pela União Européia.
Nos EUA, a rotulagem não é considerada necessária, porque a lei não prevê que os processos de produção sejam discriminados em rótulos. O país, porém, faz lobby para que todos os demais não exijam a rotulagem de transgênicos.
Ontem o observador americano que acompanha a reunião, Richard White, reiterou a posição de Washington, declarando que "não há qualquer prova científica que demonstre a existência de problemas de saúde devido ao consumo de transgênicos". (AFP e AP)
OESP, 24/02/2004, p.A6
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