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Transformação do Monte Negro em unidade de conservação não agrada

Zero Hora
Autor: Gustavo Souza
29 de Jul de 2007

O canto dos pássaros curicacas é o prenúncio de que o frio intenso, a neve e, conseqüentemente, os turistas estão se aproximando do Pico do Monte Negro, o ponto mais alto do Rio Grande do Sul.

A 1.403 metros de altitude, o monte, localizado em São José dos Ausentes, nos Campos de Cima da Serra, é considerado o tesouro do município. Uma proposta de transformar o local em unidade de conservação para protegê-lo da degradação é a polêmica que periodicamente surge entre os ausentinos.

O projeto da Fundação Zoobotânica (FZB) do Estado foi enviado em 2004 para ser incluído no Programa da Ação para o Desenvolvimento Integrado do Turismo Sul (Prodetur-Sul) que envolve Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul. O pico está em terras de proprietários de pousadas.

Segundo a diretora do Museu de Ciências Naturais da FZB, Maria de Lourdes Abruzzi de Oliveira, os sítios arqueológicos e as espécies da flora e da fauna que só ocorrem naquela região já justificariam a criação da área. Ela lembra que no Monte Negro estão muitos atributos naturais, como árvores araucárias e pássaros curicaca, o símbolo de São José dos Ausentes.

A área merece cuidado especial, para que se possa manter um turismo sustentável diz Maria de Lourdes.

Contudo, donos de pousadas e a prefeitura não concordam com a implementação do projeto, porque afirmam que a preservação ambiental já é feita. O secretário municipal de Turismo e Cultura de Ausentes, Aécio Boeira, diz que essas ações são realizadas em conjunto com as pousadas. Ele acredita que essa forma de gestão mantém a beleza do local.

Estamos aprontando o Plano Diretor Urbano e Rural do município, e está prevista a possibilidade de deixar a área reservada para que seja implantada uma unidade de conservação. Mas, não será um parque que vai melhorar o local. Vamos levá-lo à consulta popular neste ano diz Boeira.

Ele explica que há pelo menos dois anos existe um acordo entre as pousadas e a prefeitura em que foram adotadas medidas de preservação. Hoje, o acesso ao local é livre, mas não é possível acampar no pico nem chegar de carro. É preciso caminhar por 200 metros para chegar próximo ao cume, hoje revestido de araucárias. Segundo Boeira, cerca de 150 pessoas passam por lá nos finais de semana e feriados de inverno.

Os Aparados da Serra foram formados por sucessivos e longos derrames de lava, ocorridos entre 340 milhões a 200 milhões de anos atrás. Na época, o sul do Brasil fazia parte de um imenso continente (a Gondwana), que incluía a África de hoje. Com a separação dos continentes e o surgimento do Oceano Atlântico, ocorreram numerosas falhas na porção oriental dos atuais Estados do sul do Brasil. A lava cobriu 1,2 milhão de quilômetros quadrados, desde Mato Grosso do Sul até o Rio Grande do Sul.

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