VOLTAR

Trabalho sim, não escravidão!

Cimi MS - Campo Grande
Autor: Egon Heck
02 de Mai de 2007

Neste dia do trabalhador nada mais dignificante que o grito de repudio ao sistema de trabalho escravizante e degradante a que estão submetidos grande parte dos trabalhadores do Mato Grosso do Sul e do Brasil.

Em especial nos referimos ao trabalho nas usinas de álcool, no trabalho da cana de açúcar. Recentemente foram flagrados 450 trabalhadores em condições de escravidão numa das usinas de álcool no MS. Cento e cinqüenta deles eram indígenas da região. Imaginem o que não irá ocorrer quando as outras 40 usinas anunciadas - algumas já em construção - estiverem funcionando. Quantos milhares de indígenas terão suas vidas sacrificadas para que os ricos possam andar de carro achando estar com a consciência limpa, pois estarão poluindo menos? Serão em torno de 80 mil trabalhadores que terão uma vida útil de trabalho de, em média, 12 anos, conforme estudo recentemente divulgado.

A previsão é confirmada por pesquisadores, como foi publicado em matéria do jornal Folha de São Paulo: "A pesquisadora Maria Aparecida de Moraes Silva, professora livre docente da Unesp (Universidade Estadual Paulista), diz que a busca por maior produtividade obriga os cortadores de cana a colher até 15 toneladas por dia. Esse esforço físico encurta o ciclo de trabalho na atividade. "Nas atuais condições, passaram a ter uma vida útil de trabalho inferior à do período da escravidão", diz.(FSP, 29/04/07)

Quanto aos povos indígenas, gostaria de reproduzir parte da nota da Plenária Estadual das Assembléias Populares, que denunciou: "Ainda, denunciamos o verdadeiro genocídio da segunda maior População Indígena do País, expressão do Modelo Capitalista efetivado e aperfeiçoado neste Estado ao defender o agronegocio, o latifúndio, colocar índios em presídios e ser conivente com trabalho escravo nas Usinas. Denunciamos que não é prioridade dos órgãos públicos a fiscalização das relações de exploração de trabalho nesses locais.

"Reiteramos nossa contestação ao Modelo de Desenvolvimento previsto que irá afetar vários direitos da população sul mato-grossense. Dentre as ações mais avassaladoras esta a implantação das Usinas de Álcool no Estado. Essa atividade causa, além de impactos ambientais, a destruição e a descaracterização da identidade camponesa e indígena, bem como uma série de problemas relacionados ao trabalho escravo dos povos indígenas e outros segmentos de trabalhadores(as).

Enfim, nos solidarizamos com os Povos Indígenas, que neste contexto sul mato-grossense, sofrem com o suicídio, a desnutrição, a violência e falta de terra.

Diante deste contexto exigimos providências das autoridades públicas quanto à demarcação dos territórios indígenas e as ações de violências e exclusão social que assolam as aldeias. E ainda, conclamamos a sociedade a apoiar de forma incondicional a luta dos Povos Indígenas".

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.