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Trabalho de combate ao alcoolismo entre os Kaingang é reconhecido

Site da Funasa-Brasília-DF
20 de Out de 2003

O trabalho de prevenção e combate ao alcoolismo na reserva indígena
de Apucaraninha, no Paraná, desenvolvido em parceria entre a Fundação
Nacional de Saúde (Funasa) e a prefeitura de Londrina, foi escolhido
pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Fundação Ford como um dos 20
melhores do programa de Gestão Pública e Cidadania. A escolha foi
feita em um universo de 1.155 experiências apresentadas em diversas
áreas, entre elas cidadania e direitos humanos, serviços públicos e
infra-estrutura e meio ambiente.

O projeto de Pesquisa, Prevenção e Intervenção sobre o uso de Bebidas
Alcoólicas entre os Kaingang, desenvolvido na reserva Apucaraninha,
pode receber um prêmio maior no próximo mês de dezembro. Os 20
trabalhos serão submetidos a exame de uma banca para que sejam
destacados os cinco melhores. O trabalho na aldeia, onde vivem 1.300
índios, vem sendo realizado desde 2000.

Uma das áreas de atuação do projeto são as escolas. Professores
capacitados fazem a abordagem sobre alcoolismo para trabalhar a
prevenção. "A gente acredita que trabalhando com as crianças teremos
menos problemas de alcoolismo quando elas chegarem na fase adulta",
ressalta Marlene de Oliveira, coordenadora do programa de atendimento
aos Kaingang na terra indígena de Apucaraninha.

O trabalho é voltado especialmente para crianças entre 10 e 12 anos,
considerada uma faixa etária de risco. "Muitos começam a beber nesta
idade por imposição dos outros. É como se a bebida fosse um fator de
auto-afirmação", explica Marlene de Oliveira. O trabalho de prevenção
ao uso do álcool inclui oficinas que tratam sobre o tema.

Para manter crianças e adolescentes longe da bebida, foi criada na
aldeia uma escolinha de futebol. O projeto fornece uniforme esportivo
e treinamento semanal a 60 crianças. No final de cada treino, elas
assistem a palestras sobre alcoolismo e drogas. As crianças são
estimuladas a participar de campeonatos fora da comunidade
indígena. "A conscientização é no sentido de que aqueles que não
bebem estarão mais fortes para a prática desportiva", ressalta a
coordenadora do programa.

O projeto visa também o fortalecimento da identidade individual e
coletiva e a melhoria da auto-estima dos índios. Para tanto, foi
criado um grupo de dança que funciona como parte da estratégia para
prevenção ao uso do álcool. Na comunidade de Apucaraninha, 10,7% da
população estão na chamada situação de risco, ou seja podem
desenvolver dependência química do álcool.

O projeto trabalha a questão do álcool em uma segunda frente,
tratando do alcoolismo em nível ambulatorial. Os doentes são tratados
preferencialmente na aldeias, mas os casos mais graves são
encaminhados para os centros de tratamento da região. "O retorno do
trabalho sentimos no dia-a-dia. As crianças e os adultos falam sobre
o assunto e os que bebem manifestam vontade de parar como vício",
observa Marlene de Oliveira.

O trabalho de prevenção e combate ao uso do álcool será expandido
para todas as 17 aldeias indígenas do Paraná até 2005. Pelo menos
seis delas já receberam oficinas de capacitação para que o tema seja
tratado entre os jovens, crianças e adultos.

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