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Testemunha diz que assassinos ainda podem estar na mata

O Globo, O Pais, p.4
19 de Fev de 2005

Testemunha diz que assassinos ainda podem estar na mata
Homem estava escondido desde o dia da morte de freira

ANAPU (PA). A Polícia Militar localizou ontem um homem que desde o assassinato da missionária americana Dorothy Stang estava escondido na mata. Apesar de amedrontado, ele prestou depoimento e disse conhecer os dois acusados de executar a freira. O homem acrescentou que a dupla ainda poderia estar embrenhada na floresta. As declarações da nova testemunha levaram os policiais a realizar diligências na região onde a missionária foi morta no último fim de semana.

A única testemunha do assassinato reconheceu, por foto, um dos suspeitos da execução — um homem de nome Raifran, conhecido como Fogoió. Policiais civis e federais fizeram as primeiras operações usando helicópteros cedidos pelo Exército, enviado à região para integrar uma força-tarefa destinada a reduzir a tensão entre posseiros e sem-terra e tentar regularizar a confusão fundiária que é o maior motivo dos conflitos. Numa das incursões, os policiais foram até a fazenda de um dos envolvidos no crime. A propriedade está completamente abandonada.

— Só tem gado e galinha por lá — disse um investigador que participou da missão.

Polícia encontra pais de crianças abandonadas

A Polícia Civil do Pará encontrou também ontem os pais das cinco crianças deixadas sozinhas numa casa dentro da propriedade de Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, fazendeiro suspeito de mandar matar Dorothy. Foram 48 horas de buscas desde de que os irmãos, entre 2 e 8 anos, foram achados na fazenda por policiais que procuravam Bida.

O pai e a mãe dos meninos, que trabalhavam para o fazendeiro, disseram à polícia que fugiram de casa com medo de homens armados que, logo após o assassinato da missionária, teriam entrado na fazenda para obrigá-los a deixar o local.

— Eles falaram que deixaram os filhos para trás porque sabiam que ninguém ia fazer nada contra crianças — disse o delegado Waldir Freire da Polícia Civil do Pará.

Apesar do efetivo polícia, clima é de medo na região

Com os pais das cinco crianças estavam dois parentes que também haviam fugido. Ainda ontem, a polícia estava tomando providências para buscar o grupo na Fazenda Paraíso, distante dez quilômetros da propriedade de onde fugiram. Apesar do aumento do efetivo policial na região, a sensação de medo generalizada entre os colonos que moram na área do crime.

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