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Terras impedidas

Adital - Agência de informação Frei Tito para a América Latina
06 de Out de 2006

Indígenas do povo Kayabi querem voltar para a sua terra tradicional, mas estão sendo impedidos por fazendeiros, jagunços e policiais. Segundo Conselho Insidigenista Missionário, no último dia 15 de setembro, 11 lideranças do povo Kayabi saíram de barco para uma viagem de cinco dias pelo rio do Peixe, com destino à terra Batelão, de onde foram retirados em 1966 para serem levados a viver no Parque Indígena do Xingu. As lideranças querem poder voltar a sua terra, onde viveram por muitos anos e onde estão seus cemitérios, locais de pesca e de obtenção de urucum. Segundo os Kayabi, apesar de o rio dos Peixes estar poluído, ainda há muita caça e peixe na terra.

Mas o grupo não chegou à terra porque, ao alcançarem a ponte que está na entrada do local da terra Batelão, já eram aguardados por cerca de 30 pessoas, entre elas o presidente da associação do fazendeiros do Vale do Rio dos Peixes, jagunços e dois policiais. Segundo o relato das lideranças Turapan, Faustino e Kanísio Kayabi, que denunciaram a situação ao Ministério Público Federal em 25 de setembro, os policiais perguntaram quem era o responsável pela expedição e se Funai estava mandando os índios. De acordo com os Kayabi, eles foram avisados pelos fazendeiros que havia diversos jagunços na região e que não seria seguro continuarem sua viagem até a terra Batelão.

Esta terra está identificada pela Funai (Fundação Nacional do Índio), desde 2003. Após a publicação do relatório, o Ministério da Justiça solicitou novas diligências ao órgão. Mais de dois anos se passaram, sem que a situação tenha sido concluída.

Segundo relato dos indígenas, um dos argumentos usados pelos fazendeiros para impedir o acesso deles à terra teria sido o de que a área ainda está em estudo e que, por isso, não podia ser ocupada pelos indígenas. Ficou marcada para 05 de outubro uma reunião com fazendeiros, FUNAI e índios na aldeia Tatuí, na terra Apiacá/Kayabi. O MPF comprometeu-se também a tomar medidas a seu alcance para contribuir com a resolução da questão da terra o mais rápido possível.

Dois dos indígenas da expedição não aceitaram passar a noite acampados, por medo de serem agredidos, e decidiram retornar à pé para a aldeia Tatuí. Até agora, no entanto, a dupla não chegou à aldeia. Na reunião com o MPF, as lideranças pediram à FUNAI que localize as duas pessoas.

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