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Terras -

Jornal Pessoal-Belém-PA
Autor: Lúcio Flávio Pinto
18 de Mai de 2005

Um caso raro ocorreu em Altamira: os índios Xipáya conseguirem - e obtiveram - a redução de sua área, que fica à margem do rio Curuá, afluente do Iriri, que desemboca no Xingu, integrando a chamada Terra do Meio. À comunidade indígena, com 45 integrantes, foi reservada, em 2003, uma área de 199 mil hectares. Mas ele pediram a exclusão de 22 mil hectares da delimitação anterior, correspondente à localidade de Nova Olinda, habitada por descendentes de índios e brancos. Com a redução, pouparam-se de conflitos internos e externos. A área continua a ser de tamanho suficiente e suas divisas podem se tornar mais seguras, graças à convivência amigável com os vizinhos.

No relatório que fundamentou o ato da Funai (Fundação Nacional do Índio), publicado no Diário Oficial do Estado do dia 4, o antropólogo Antônio Pereira Neto faz referência, entretanto, a problemas que podem complicar a oficialização da reserva, na etapa seguinte de consolidação do domínio dos índios. Há superposição de posses e títulos na área, inclusive com a famosa grilagem da Incenxil, o braço local da C. R. Almeida. Embora sem base legal, as pretensões dos supostos proprietários é sobre milhões ou centenas de milhares de hectares. Os órgãos públicos contestam o desmembramento dessas áreas do patrimônio público para o particular, mas o caminho até a completa anulação dos registros imobiliários é longe e acidentado.

O antropólogo da Funai observou que a C. R. Almeida já construiu na área cinco casas e uma pista de pouso. Nos dias em que permaneceu por ali registrou ainda a ação de muitos peões, "contratados por grileiros de terras para derrubar matas e implementar pastagens".

O belo vale do Xingu continua a ser pilhado e sangrado diante da impotência do governo e da sociedade.

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