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Terra enfrenta ciclo de extinção em massa

OESP, Geral, p. A13
19 de Mar de 2004

Terra enfrenta ciclo de extinção em massa
As taxas são 200 vezes maiores que o normal e a causa é o impacto da atividade humana

HERTON ESCOBAR

Atividades humanas estão tendo um impacto meteórico sobre a biodiversidade do planeta. Estudo publicado hoje por pesquisadores britânicos indica que 71% das espécies de borboletas, 54% dos pássaros e 28% das plantas da Grã-Bretanha tiveram suas populações seriamente reduzidas ou foram extintas nos últimos 40 anos. Os resultados reforçam a tese de que a Terra está passando por um novo evento de extinção em massa, semelhante ao de 65 milhões de anos atrás, quando um meteoro atingiu o planeta e aniquilou os dinossauros.
"As taxas de extinção ao longo dos últimos séculos estão 200 vezes acima do normal", disse Jeremy Thomas, do Centro de Hidrologia e Ecologia, na Inglaterra. "A maioria dos ecologistas aceita o fato de que estamos nos aproximando dos níveis das últimas cinco extinções em massa." Ao contrário dos eventos passados, causados por fatores naturais, porém, este é conseqüência direta de milhares de anos de atividade humana.
Usar os dados da Grã-Bretanha - ilhas de clima temperado, com biodiversidade pequena e sem espécies endêmicas - para estimar a perda em escala mundial pode parecer exagero. Mas, dizem especialistas, faz sentido, já que os mecanismos de impacto são iguais por todo o planeta: destruição de hábitat, poluição e mudanças climáticas, principalmente. O estudo, publicado na Science, é apresentado como um dos mais completos sobre o tema.
A Grã-Bretanha tem quase 100% de sua biodiversidade catalogada, o que faz dela um laboratório perfeito - e raro - para esse tipo de pesquisa. Os cientistas computaram 40 anos de observações de campo, realizadas com ajuda de 20 mil voluntários, sobre todas as espécies nativas de borboletas, pássaros e plantas vasculares da ilha. Um terço teve sua distribuição geográfica reduzida, com vários casos de extinção localizada e alguns de total.
O caso mais preocupante é o das borboletas, que, por serem muito sensíveis, servem de "termômetro" para diagnosticar a saúde da biodiversidade. "A perda significativa das borboletas britânicas pode ser o presságio de declínios semelhantes entre plantas e pássaros, porque populações de insetos tipicamente respondem mais depressa a mudanças ambientais adversas." (Com Reuters)

OESP, 19/03/2004, Geral, p. A13

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