OESP, Metrópole, p. A19
15 de Set de 2016
Terra bate recorde de calor pelo 11o mês em agosto
Giovana Girardi
Parece até notícia velha. Mas aconteceu de novo. E vai continuar acontecendo enquanto o mundo não conseguir conter suas emissões de gases de efeito estufa. Pelo 11.o mês consecutivo, o planeta bateu recordes históricos de calor no mês de agosto, segundo divulgou nesta quarta-feira (14) a agência especial americana (Nasa).
É o agosto mais quente dos últimos 136 anos, seguindo uma tendência que vem se repetindo mês a mês, ano a ano, como um sinal inequívoco do aquecimento global.
Em relação ao período base (valor médio entre 1951 e 1980), a temperatura média da Terra foi 0,98oC mais quente. Foi ainda 0,16oC mais alta que o agosto mais quente registrado até então, o de 2014.
Com isso, desde outubro de 2015 que a temperatura vem quebrando recordes sucessivos no monitoramento que começou a ser feito em 1880. Mantendo o ritmo pelos próximos meses, 2016 deverá ser o novo ano mais quente da história, superando 2015, que, por sua vez, bateu 2014.
"Ressaltamos que as tendências de longo prazo são as mais importantes para a compreensão das mudanças em curso que estão afetando nosso planeta", comentou Gavin Schmidt, diretor do Instituto Goddard para Estudos Espaciais da Nasa.
São Paulo. E o calorão parece ter continuado pelo mês de setembro, ao menos se forem tomadas como exemplo as temperaturas registradas na capital paulista. Apesar de para hoje a previsão ser de clima ameno, a cidade vem passando por dias anormalmente quentes e secos.
A madrugada de ontem foi a mais quente em São Paulo desde 20 de abril, com temperatura mínima de 21,9oC. O valor, apesar de não ser um recorde, supera em muito a média histórica de temperaturas mínimas na madrugada para o mês, que é de 14,8oC. A terça à tarde também já havia registrado as mais altas temperaturas desde o dia 18 de abril, com 32,4oC.
O calor vem acompanhado de secura. Na tarde de terça, a umidade relativa do ar foi muito baixa, em torno de 19% no começo da tarde. Valores nessa faixa vêm sendo registrados desde o fim de agosto.
A relações-públicas Solange Branco, de 47 anos, que sofre com rinite, conjuntivite e outras alergias, até de pele, conta que vem sofrendo muito nos últimos dias. Tanto que resolveu fugir para Rio anteontem. "Minha vida vira o caos no inverno.
Tenho umidificador em casa e costumo controlar as alergias com homeopatia. Mas nesses dias secos, quando vem a crise, aí tenho de tomar anti-histamínico todos os dias."
De acordo com previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), hoje a temperatura cai (fica entre 14oC e 23oC) e a umidade sobe para até 95%.
Aquecimento global em curso
O planeta vem esquentando como reflexo do aumento da concentração de gás carbônico (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O)por atividades humanas. Queima de combustíveis fósseis, desmatamento e agropecuária são as principais fontes desses gases que, acumulados na atmosfera, impedem que o calor se dissipe.
O ano de 2015 foi o mais quente da história, com uma temperatura média global 0,9oC mais alta que a média do século 20. Dos 11 anos mais quentes da história, com exceção de 1998, todos estão nos anos 2000.
OESP, 15/09/2016, Metrópole, p. A19
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