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Termina nesta sexta-feira o I Seminário de Pesquisa e Iniciação Científica do ICMBio

ICMBio - www.icmbio.gov.br
28 de Ago de 2009

Com a solenidade de entrega de prêmios e certificados aos bolsistas, termina nesta sexta-feira (28), em Brasília, o I Seminário de Pesquisa e Iniciação Científica do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. O seminário tem como tema "Pesquisa em conservação da biodiversidade: experiências e desafios".

O evento foi aberto na quarta-feira (26). Na ocasião, o presidente do ICMBio, Rômulo Mello, destacou a importância da pesquisa para a gestão da biodiversidade brasileira, uma das mais expressivas do mundo. "Somos uma instituição que tem perspectiva de País, uma instituição qualificada no processo de educação científica", disse o presidente.

Segundo Ronaldo Morato, coordenador do PIBIC, programa de iniciação científica do Instituto que concede bolsas de pesquisa para estudantes universitários, o principal objetivo do seminário é estimular a disseminação do conhecimento sobre a biodiversidade.

Após a abertura, o professor do Departamento de Zoologia da Universidade de Brasília (UnB), Ricardo Bonfim Machado, apresentou a palestra "Experiências e desafios para integração da pesquisa e conservação da biodiversidade", na qual apresentou um levantamento das teses e dissertações do Programa de Pós-Graduação em Ecologia da UnB. "Fizemos um levantamento baseado em 2005. De 298 teses e dissertações, extraímos três informações: qual é o tema do estudo, local desenvolvido e o ano", disse Machado.

De acordo com ele, as pesquisas estão cada vez mais crescentes no programa. Há um número maior de estudantes gerando conhecimentos. "As pesquisas na pós-graduação foram agrupadas em dois temas. A flora tem mais do que o dobro do segundo tema - os mamíferos. Esses são os 15 primeiros itens que representam 91% dos temas dos estudos envolvidos. Então, 35% dos estudos é com flora e 14% com mamíferos. Flora, mamíferos, aves e insetos são os quatro primeiros temas mais pesquisados na Pós-Graduação", resumiu o professor.

Machado avaliou ainda que os temas continuam sendo os mesmo dentro das Unidades de Conservação. "O que chamou a atenção foi a quantidade de dissertações e teses feitas dentro e fora das unidades. No total de 298 estudos, 44% foram feitos fora das UCs e 167 foram feitos dentro de UCs. Desses, 137 são em unidades não administradas pelo ICMBio. Ou seja, 82% do que está dentro de UCs não tem relação com o ICMBio e 30 teses e dissertações são realizadas fora das unidades do ICMBio", disse Machado.

Ele afirmou também que conversou com gestores de algumas unidades de conservação e todos eles se mostraram interessados em dotas as unidades de banco de dados on-line, de fácil acesso, com figuras, filmes e documentos digitais na internet. "Essa é uma visão geral de como a pesquisa está relacionada com a unidade de conservação. Existe uma distância grande entre pesquisa e manejo. Ou seja, o pesquisador tem um objetivo e a unidade tem outro. Fazer com que essas coisas estejam próximas e com que essa distância fique menor é um desafio", concluiu Machado.

MESA REDONDA - Durante o seminário foram discutidas as limitações dos modelos para o manejo e conservação da biodiversidade. A operadora do Sistema de Autorização e Informação da Biodiversidade (Sisbio) no Centro Nacional de Conservação e Manejo de Répteis e Anfíbios (RAN), Yeda Bataus, foi uma das participantes da mesa redonda.

Na apresentação, ela focou répteis e anfíbios ameaçados de extinção, com um quantitativo de 46 anfíbios e 68 répteis. "O objetivo do nosso trabalho começou junto com os outros centros, como forma de avaliação de estado da conservação de espécies brasileiras. Queríamos saber o quanto as espécies estão protegidas em UCs", destacou Yeada.

Segundo ela, foi feito um levantamento no acervo do Laboratório de Comportamento Animal da Universidade Federal de Goiás (UFG) sobre herpetofauna e também no relatório de pesquisas que o Ran licenciava. "Conseguimos fazer um levantamento de 160 referências para répteis e 136 para anfíbios. Dos 46 anfíbios, só conseguimos trabalhar com 32 espécies e das 68 espécies de répteis, trabalhamos em termo da análise com 17. Isso aconteceu porque alguns estudos não tinham informação da área de ocorrência", disse Yeda.

Para a classificação das espécies, foram seguidos os parâmetros da União Mundial da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) - espécies em que a área de até 100 km² era bastante restrita, até 5 mil era restrita, até 2 mil km² intermediária e acima de 2 mil km² espécies com distribuição ampla.

"Nas áreas de unidades de conservação, os dados não são bons. Os anfíbios tem 21 espécies, menos de 20%, e répteis menos de 15%. No caso de répteis, o destaque vai para espécies de lagartos porque tiveram uma perda histórica de ambiente muito grande, são espécies da Mata Atlântica. Algumas espécies de anfíbios estão na mesma condição. A perda de hábitat é o mais compromete a conservação dessas espécies", garantiu Yeda.

Segundo ela, o que pode constatar é que o planejamento brasileiro para essas espécies trabalhadas é abrangente para a maioria das espécies. "No entanto, a implementação das unidades de conservação é insatisfatória. Temos um planejamento bom, mas o que está planejado está ruim", concluiu.

O seminário promoveu, também, a apresentação de painéis com os trabalhos dos bolsistas do PIBIC. Na solenidade desta sexta, os melhores trabalhos ganharão prêmios. Na categoria melhor estudante PIBIC, será oferecida uma vaga no Curso de Biologia e Conservação de Carnívoros Silvestres, que será ministrado pelo Instituto Pró-Carnívoros no Parque Nacional Serra da Canastra, em São Roque de Minas (MG), no período de 31 de outubro a 7 de novembro.

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