Hoje em Dia-Belo Horizonte-MG
31 de Ago de 2005
O clima de guerra entre índios Maxakali e fazendeiros de Santa Helena de Minas, no Vale do Jequitinhonha (669 km a nordeste de Belo Horizonte), parece estar longe de ser apaziguado. A invasão de uma fazenda na região, por 200 índios, completa hoje 13 dias. A fazenda invadida dá acesso a dez outras propriedades. Desde então, cerca de 35 famílias deixaram suas propriedades, temendo pelo pior. Os índios exigem a ampliação da área da reserva de 3.500 hectares, regularizada em 1996. Agentes da Polícia Federal foram enviados ao município para tentar apaziguar os ânimos.
A assessoria da Fundação Nacional do Índio (Funai) informou que no início da tarde de ontem representantes do órgão se reuniram com agentes da Polícia Federal, da administração da Funai em Governador Valadares, e da prefeitura de Santa Helena de Minas para avaliar a situação e debater soluções. Até o final da semana um antropólogo deverá ser destacado para coletar informações que possam embasar o processo de regularização fundiária. Este antropólogo é quem definirá se há indícios que respaldem a reivindicação dos índios, mas ele só chegará ao município depois que a situação estiver apaziguada. O pedido de identificação da área foi protocolado ontem.
Os conflitos entre índios e fazendeiros foram acirrados no final de semana. Na manhã de segunda-feira houve troca de tiros entre índios e um grupo liderado por fazendeiros na fazenda Monte das Oliveiras, a 7 km da sede do município. Um pedreiro ficou ferido e a Polícia Militar apreendeu cinco armas - uma espingarda com os índios e outras quatro com os fazendeiros. Ainda na segunda-feira, cerca de 400 pessoas lideradas por fazendeiros tentaram agredir dois integrantes do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
Os missionários da organização não-governamental são acusados de incitar a invasão indígena.
Etnia marcada pelos problemas de alcoolismo e brigas internas, os Maxakali alegam que funcionários do antigo Serviço de Proteção ao Índio (SPI), atual Funai, subtraíram boa parte da reserva na demarcação de 1956.
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