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Tensão entre índios e fazendeiros próximo a divisa de MT com PA

Midianews-Cuiabá-MT
20 de Set de 2003

A proposta de paz do chefe do posto da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Colider, cacique Megaron Txucarramãe, para tentar impedir um confronto entre fazendeiros, agricultores e 40 agentes da Polícia Federal que protegem técnicos do órgão no serviço de demarcação da reserva Baú-Mecranotire, entre os municípios de Novo Progresso e Altamira, não foi aceita.

Megaron queria a liberação da BR-163, próximo a Novo Progresso, fechada há dois dias por cerca de mil pessoas, propondo em troca uma rodada de negociações sobre o destino das 3,5 mil famílias que vivem na área apontada pela Funai como parte integrante dos 1,8 milhão de hectares da reserva indígena. Após a demarcação, essas famílias terão de deixar a reserva. Irritados e se dizendo "dispostos a tudo", representantes do setor empresarial e pecuaristas do município afirmaram ao cacique que só irão liberar a rodovia Santarém-Cuiabá quando os policiais federais e homens da Funai suspenderem a demarcação e saírem imediatamente de Novo Progresso.

"Essas pessoas do governo federal são nocivas no município, porque só fazem estimular o confronto com suas atitudes, ao invés de trazerem soluções e a paz social", dizia um panfleto distribuído ontem pela cidade. "Chega de propostas de quem não decide nada. Se o ministro da Justiça mandou que o povo de Novo Progresso recorra novamente ao Judiciário para suspender a demarcação é porque ele está indiferente ao que pode acontecer aqui", atacou o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais do município, Agamenon Menezes.

O juiz da comarca de Santarém, Fredson Campanelli, se deslocou a Novo Progresso para fazer um apelo aos empresários, líderes sindicais e setores das igrejas Católica e Evangélica: evitem distúrbios na cidade e procurem transmitir aos 20 mil moradores da região o respeito às leis do país.

Os policiais federais que estão no município informaram que não cabe a eles a missão de restabelecer o tráfego na Santarém-Cuiabá, mas à Polícia Rodoviária Federal. O problema é que os guardas rodoviários mais próximos estão a cerca de 400 km de Novo Progresso.

A divisa da reserva não seria o Rio Curuá, segundo os produtores rurais da região. Ela estaria a dezenas de quilômetros desse rio. Ou seja, na verdade, dentro do município de Novo Progresso não existiria nem projeto de reserva indígena, mas são os produtores rurais, sitiantes e fazendeiros que moram naquela gleba próxima ao Rio Curuá, que têm suas propriedades dentro do municipio de Altamira, e neste município sim, existe o projeto de ampliação da reserva do Baú até a divisa.

Desde 1989, quando Novo Progresso ainda era só uma comunidade, o governo federal, através da Funai vem tentando expandir essa reserva, sem sucesso até o momento porque logo que o município foi criado, a população aumentou bastante. A gleba envolvida hoje está bastante povoada e as autoridades locais têm travado uma verdadeira "queda de braço" com a Funai e Ministério da Justiça.

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