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TENSÃO E APREENSÃO EM RORAIMA

Cimi-Brasília-DF
06 de Fev de 2004

"Com ou sem ordem judicial, nós vamos continuar a barreira e fiscalizar para que nenhum missionário, padre ou estrangeiro passe por aqui". Com esse tom ameaçador, lideranças indígenas contrárias à homologação, a partir da aldeia do Contão, coordenam um processo de bloqueio nas estradas que dão acesso à comunidade indígena de Maturuca.

Em Maturuca estará se realizando a 33a. Assembléia dos Tuxauas de Roraima, com a previsão de participação de 800 representantes indígenas e mais de uma centena de convidados, dentre parlamentares, e representantes de ONGs, de igrejas e movimento popular. Será um momento marcante, com tom celebrativo das vitórias de homologação de cinco terras indígenas e o protesto indignado pela atitude vacilante e de protelação da homologação da Raposa Serra do Sol, pelo presidente Lula.

A assembléia dos Tuxauas de Roraima é certamente o momento de debate e articulação das lutas pelos direitos dos povos indígenas dessa região, que vem acontecendo anualmente há mais de três décadas, tendo sido alvo de repressão e intimidação, desde 1977, quando foi dissolvida pela polícia, por contar com a presença do bispo de Roraima, D. Aldo e um representante do Cimi. Hoje a situação de alguma forma se repete. Os missionários que estão atuando junto aos povos indígenas através da Diocese, e que desde o início estimularam e apoiaram as Assembléias dos Tuxauas, se vêem na eminência de não poderem estar em Maturuca, impedidos e ameaçados caso tentem chegar até lá.

Temendo esses fatos, o Conselho Indígena de Roraima solicitou à Procuradoria da República, proteção para o livre trânsito das delegações convidadas para a Assembléia. O Ministério Público Federal encaminhou uma liminar para desobstruir a Estrada. Porém esta não foi acolhida pelo juiz de Boa Vista, Helder Girão. Diante desse fato foi interposto um recurso junto ao Tribunal Regional Federal, em Brasília, não tendo sido acolhido o agrado, julgado nesta manhã do dia 6 de fevereiro.

Sete ônibus com delegações indígenas já saíram hoje de Boa Vista. Outros estarão saindo à tarde. Mais de uma dezena de missionários aguarda em Boa Vista. Esses fatos têm uma relação estreita com os acontecimentos do início deste ano, quando três missionários foram seqüestrados e mantidos como reféns por dois dias e meio, na maloca do Contão. Apesar desse clima de apreensão em função dos possíveis desdobramentos com relação ao bloqueio das estradas, todos estão esperançosos de que esse será mais um momento marcante na conquista definitiva da terra, e da paz na região.

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