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TEDxVer-o-Peso: imersão em ideias e sentidos

O Eco - http://www.oecoamazonia.com
05 de Set de 2011

Raiz, tronco e copa, assim são formadas as árvores. Não, não, tem mais. As árvores podem nos ver, elas possuem olhos. Foi isso que Roberta Carvalho, artista visual e designer paraense mostrou a uma plateia de 150 pessoas que participaram do TEDxVer-o-Peso, realizado em Belém do Pará, no dia 27 de agosto e cujo tema era "Diferentes jeitos de viver". Naquele sábado, audiência e palestrantes imergiram em torno de "ideias que valem a pena ser espalhadas", o slogan do TED.

A sigla TED significa tecnologia, entretenimento e design (technology, entertainment, design, no original em inglês). Na internet, as palestras proferidas nos eventos TED - chamadas de TED Talks -- são legendárias. Quem é curioso e gosta da rede provavelmente já assistiu ao vídeo de uma delas. Se você não conhece, experimente assistir a Hans Rosling, o mágico das estatísticas, ou Elizabeth Gilbert, sobre criatividade. A maioria com legenda em várias línguas. É só procurar no Google ou ir direto na fonte, por meio do site do TED.

No TEDx, o 'x' significa evento TED organizado de maneira independente, com apresentações escolhidas pelos organizadores locais. Em Belém, foram 16 palestras ao vivo e quatro TED Talks e o que não faltou foi tempero, uma marca da terra. O evento seguiu a receita tradicional: reuniu grandes cabeças que fazem apresentações curtas e de alto impacto; no intervalo, palestrantes - que tiveram no máximo 13 minutos para destilar suas mensagens - e plateia se misturaram e trocaram ideias. O resultado é que é impossível sair de um evento desses sem uma nova rede de contatos e a cabeça borbulhando.

Arte, agudeza de espírito e dura realidade se alternaram e entremearam ao longo do dia no palco do TEDxVer-o-Peso. Voltando ao início, Roberta projetou figuras humanas nas copas das árvores. Olhos imensos e expressivos nas copas criaram um ser híbrido, que transcendeu as diferenças entre folha e gente e fizeram quem viu se sentir parte do mundo das árvores. Em outro momento, o procurador da República, Felício Pontes Jr., nos lembrou de Dorothy Stang e o casal José Cláudio e Maria, três lideranças do estado assassinadas brutalmente a mando de pessoas que não gostavam da sua luta pela preservação da floresta. Por acompanhar de perto estas pessoas, Felício tornou-se amigo pessoal de cada uma delas.

Leonardo Sakamoto, fundador da ONG Repórter Brasil falou do trabalho escravo que existe nas fazendas mais isoladas do país, mas que também ocorre debaixo do nariz de todos, em São Paulo, onde bolivianos e coreanos já foram encontrados em condições sub-humanas produzindo para grandes empresas. Mas se esses relatos geram indignação, Pedro Markun, um dos fundadores do Transparência Hacker, mostrou soluções. Ele criou o clone do blog do Planalto. O verdadeiro não tinha comentários, o dele tem. Com o SAC SP, mostrou como é possível usar dados do próprio governo para vigiá-lo.

Beth Cheirosinha, erveira do mercado Ver-o-Peso, um dos cartões postais da cidade, falou da sua arte de cheiros e essências que curam, emagrecem ou atraem amor, um ofício que já corre na sua família há três gerações. Adriano Gambarini, fotógrafo e colunista de O Eco, também espalhou ideias do palco - suas mais de 100 imagens, muitas delas da Amazônia, inspiraram e falaram muito por si só e foram acompanhadas de belas palavras sobre o sentido reflexivo da fotografia. Eduardo Góes Neves lembrou a importância da arqueologia amazônica e do respeito ao passado para entendermos melhor o presente e, por que não, o futuro também.

Foram quatro blocos de apresentações que em vez de nome tinham verbo: sentir, observar, lutar e mudar. Nos intervalos de cada bloco, conversa e muita polinização. Para quem estava lá, a sensação de poder pensar sem amarras. Logo, logo, todos os vídeos estarão na internet eternizando esse dia de debates em que sementes que podem mudar para melhor o mundo foram lançadas e postas ao alcance de todos.

Uma das organizadoras do evento foi Karina Miotto, editora de O Eco Amazonia. Ela conta que a ideia de levar esta plataforma para Belém nasceu depois de sua participação no TEDxAmazônia e que, depois de tanta coisa boa que surgiu no TEDxVer-o-Peso, já anda pensando no próximo. Em tempo e com muito orgulho, também queremos compartilhar que a Associação O Eco apoiou o primeiro evento TEDx do Pará.

http://www.oecoamazonia.com/br/blog/303-tedxver-o-peso-imersao-em-ideia…

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