Tarso Genro discorda de cobertura

Tarso Genro discorda de cobertura

O ministro da Justiça, Tarso Genro, criticou ontem a atuação da imprensa na cobertura da tentativa de desocupação da Reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, pela Polícia Federal. Para Tarso, grandes meios de comunicação difundiram idéias equivocadas sobre o objetivo da operação e podem ter influenciado o Supremo Tribunal Federal (STF) a suspender, em caráter liminar, a retirada dos arrozeiros. Ele disse que a demarcação da reserva em terras contínuas não ameaça a soberania nacional.
- A disputa da opinião levou à formação de um conceito. Esse conceito depois, seguramente, refletiu na decisão do Supremo Tribunal Federal. Qual é o conceito? O conceito é que a PF estava lá para, arbitrariamente, desalojar arrozeiros produtivos. Isso que passou pela imprensa.
Assim, se formou opinião, assim trabalharam os editoriais dos grandes jornais - disse o ministro, ao discursar na posse do delegado Disney Rossetti na Superintendência da PF, em Brasília.
Para Tarso, empresas de comunicação reproduziram idéias de opositores à demarcação em terra contínua sem analisar as nuances da questão. Um dos erros seria a difusão do conceito de que a demarcação em terras contínuas, e não em ilhas, ameaça a soberania nacional:
- (Os meios de comunicação) fizeram isso por maldade? Para criminalizar a PF ? Para defender interesses dos arrozeiros que estão ocupando ilegalmente aquelas terras? Fizeram isso porque determinados grupos de opinião política na sociedade fizeram transitar por dentro da comunicação um conceito, que foi abraçado pela grande imprensa, que foi difundindo, inclusive com a falsa visão de que a presença indígena ameaça a soberania do país.
Para Tarso, a demarcação em terras contínuas facilita a defesa do território.
- A terra indígena é terra da União e a União entra e sai quando quer, inclusive instala aparato quando quer.

O Globo, 17/04/2008, O País, p. 3