VOLTAR

Syngenta doa área pleiteada pelo MST ao governo do PR

OESP, Nacional, p. A12
15 de Out de 2008

Syngenta doa área pleiteada pelo MST ao governo do PR

Evandro Fadel, CURITIBA

Depois de uma série de conflitos que causaram até mortes na área da multinacional Syngenta, em Santa Tereza do Oeste, a cerca de 520 quilômetros de Curitiba, no oeste do Paraná, a empresa decidiu doá-la ao governo do Estado para que o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) coordene pesquisas nas áreas agrícola e florestal, com ajuda das universidades estaduais. A empresa tinha retomado a posse do imóvel em junho, quando se encerraram as pendências jurídicas com o governo estadual, que chegou a publicar até decreto de desapropriação.

"Acreditamos que essa parceria trará benefícios para o produtor rural preocupado com a sustentabilidade da atividade agrícola e consciente da importância da preservação das florestas", disse o presidente da Syngenta Seeds, Gilson Moleiro, em texto divulgado pela empresa. "É reconhecida a contribuição que o Iapar traz para a agricultura por meio de seus programas de pesquisa e optamos pela doação, pois estamos certos de que a nova função determinada para a área trará desenvolvimento aos agricultores do Paraná."

O terreno, vizinho ao Parque Nacional do Iguaçu, tem 123 hectares. Era usado para pesquisas com transgênicos desde 1998. Os problemas começaram em 14 de março de 2006, quando o Movimento dos Sem-Terra (MST) invadiu a área. A partir daí houve uma série de processos judiciais, que resultaram em retiradas dos sem-terra e reocupações em seguida. A situação se complicou em 21 de outubro do ano passado, quando seguranças tentaram retomar a propriedade. Houve confronto e morte de um segurança e de um sem-terra.

O diretor corporativo da Syngenta, Valter Brunner, disse que a empresa não utilizava aquele espaço desde a primeira invasão, transferindo as pesquisas para outras unidades. Na assinatura do documento de doação, o governador Roberto Requião (PMDB) anunciou que o primeiro produto a ser multiplicado é uma semente de feijão altamente produtiva.

"O Paraná vai produzir sementes para os nossos agricultores e vai produzir também para que possamos enviar sementes à Jamaica, ao Haiti e a Cuba, que foram devastados pelos últimos furacões", acentuou. "O Paraná se opõe à transgenia, mas não esconde o respeito que tem pelos que produzem sementes, os que pesquisam isso há muito tempo."

Por nota, o MST disse acreditar que a doação é resultado "da luta incansável e da resistência dos camponeses". O governador paranaense reconheceu que a pressão feita pelos sem-terra foi importante: "A pressão sempre é positiva. Eu não diria a mesma coisa da invasão."

OESP, 15/10/2008, Nacional, p. A12

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.