CB, Brasil, p. 9
31 de Ago de 2012
Suspeita de massacre ianomame na Venezuela
EDSON LUIZ
O Ministério Público da Venezuela enviou uma equipe para investigar um suposto massacre de índios ianomami, na localidade de Alto Ocamo, no sul do país. O ataque, segundo denúncia feita por organizações indígenas da região, teria sido feito por garimpeiros brasileiros que atuam clandestinamente na área. Os relatos sobre as mortes foram de três testemunhas que estavam próximas à comunidade de Irotatheri, onde o fato teria ocorrido. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil pediu informações ao governo venezuelano, mas a ministra dos Povos Indígenas do país, Nícia Maldonado, disse à imprensa local que ainda não havia nada oficial. A Fundação Nacional do Índio (Funai) também apurará o atentado.
Segundo as Organizações Indígenas do Estados Amazonas (Coiam), o suposto massacre aos ianomamis teria ocorrido no mês passado, quando um número aproximado de 80 integrantes da aldeia teriam sido mortos à tiros e com explosivos. "Lamentamos profundamente este novo ataque violento contra o povo ianomami, no qual havia indeterminado número de mortos, com três sobreviventes em uma comunidade de aproximadamente 80 indígenas no Alto Ocamo", relatou a Coiam, em nota divulgada na última terça-feira. Conforme o comunicado, os sobreviventes relataram o fato a autoridades locais do Exército e no Centro Amazônico de Investigação e Controle de Enfermidades Tropicais, instituições localizadas em Puerto Ayacucho.
O Ministério Público anunciou ontem o envio de dois investigadores - o subdiretor de Investigações de Delitos Comuns, Zair Mundaray, e o chefe de fiscalização do Estado do Amazonas, Luis Perdomo - para averiguar as denúncias. Segundo o MP, o pedido foi feito pela Organização Yanomami (Horonami) que agrupa comunidades momoi, hokomawe, ushishiwe e torapiwei, localizadas nas cabeceiras do Rio Ocamo. ""A Fiscalização Superior do Estado do Amazonas recebeu a denúncia em 27 de agosto, formulada por sete representantes da Organização Horonami, que alegam que os ianomami se encontravam em um acampamento indígena atacado por um helicóptero", afirmou o MP, por meio de nota. O local é difícil acesso e são necessárias cinco horas de voo em helicóptero para chegar.
O fato está sendo acompanhado por entidades e autoridades. "O que se tem, até agora, são os depoimentos de três testemunhas que, por sorte, estavam na floresta", explica Marcos Weslei de Oliveira, que acompanha o caso pelo Instituto Socioambiental (ISA). Ele observa que, na mesma região, há outros problemas, inclusive dentro do território brasileiro, principalmente relacionado a doenças. "Em abril do ano passado morreram 20 pessoas", diz Oliveira. O Itamaraty informou que a Embaixada do Brasil em Caracas fez contato com as autoridades venezuelanas em busca de informações.
Correio Braziliense, 31/08/2012, Brasil, p. 9
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