VOLTAR

Surto de diarréia mata garoto de um ano e atinge outras 57 crianças indígenas no Pará

Agência Brasil
Autor: Alex Rodrigues
15 de Abr de 2008

Brasília - Um garoto de um ano morreu e outras 57 crianças estão passando mal devido a um surto de diarréia e vômito que atingiu uma aldeia indígena do norte do Pará, na fronteira com o Suriname. Quatro adultos também manifestaram os mesmos sintomas, que vêm acompanhados por febre. Apesar de afirmar que o problema está sob controle, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) ainda não sabe o que pode ter causado a infecção e enviou uma equipe de profissionais ao local.

Gian Tiryó morreu na madrugada do último sábado (12), no Hospital da Criança, em Macapá (AP), para onde havia sido transportado em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) na tarde anterior. Segundo funcionários do hospital, o garoto chegou em estado grave. Desidratado devido à diarréia e com um quadro infeccioso, faleceu devido a uma parada respiratória. Outras três crianças tiryós estão internadas no mesmo hospital, pelo mesmo motivo.

A aldeia em que Gian vivia fica no município de Óbidos (PA), próxima ao Pelotão Especial de Fronteira de Tiryós. No local, vivem cerca de 600 índios, mas a estimativa é de que a população total, apenas do lado brasileiro, seja de cerca de mil índios.

A cidade mais próxima com infra-estrutura adequada para atender casos graves como o do garoto é Macapá, a cerca de 600 quilômetros. Além da distância, só é possível chegar à aldeia em aviões capazes de pousar na pista do pelotão militar. A aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) que transportou Gian estava no local por acaso, levando jornalistas de Brasília e São Paulo para conhecer as instalações militares da Amazônia Oriental.

Apesar de a Funasa ter um posto de saúde no local, não há médicos residentes. Enfermeiros e técnicos de saúde se revezam no posto, que, de acordo com as lideranças indígenas, costuma ficar desguarnecido. Casos mais sérios são atendidos por profissionais militares.

Esta manhã, a Funasa enviou cinco profissionais de saúde para a região. Eles levam medicamentos e todo o material necessário para tentar identificar a causa do surto, mas não há entre eles um médico. "Estamos entrando em contato com o estado e com o município para que disponibilizem um médico por três dias, para que nos ajude a atender e ajudar a levantar a situação", afirma a chefe substituta do Distrito Especial Indígena do Amapá e Norte do Pará da Funasa, Sueli Oliveira.

Uma segunda equipe deverá seguir para Tiryós amanhã. Sueli reconhece que o ideal seria que a Funasa mantivesse um médico permanentemente no local, mas diz não encontrar profissionais dispostos a assumir o posto. "Não conseguimos médicos para trabalhar em áreas indígenas, principalmente naquelas que não ficam próximas a áreas urbanas".

Segundo Sueli, alguns poucos profissionais que atendem aos anúncios de vagas chegam a pedir salários entre R$ 10 mil e R$ 15 mil, e desistem em meio ao processo de contratação.

Sueli disse que mesmo sem um médico, a Funasa continuará dando assistência à comunidade. E garantiu que a situação está sob controle. "Não há nenhum outro caso grave e eu acredito que com a chegada das duas equipes, nós tenhamos um diagnóstico que nos permita uma rápida intervenção. Temos necessidade de obter um diagnóstico preciso para saber as causas dessa diarréia e vômito".

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.