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Suiá Missú: Padre depõe a favor dos índios

Gazeta de Cuiabá-Cuiabá-MT
Autor: Márcia Oliveira
09 de Mar de 2004

O padre salesiano, Mário Ottorino Panziera, disse, ontem, em depoimento na 5ª Vara da Justiça Federal, que os índios Xavantes foram expulsos da área onde viviam, na década de 60, local onde posteriormente foi instalada a fazenda Suiá Missú. Eles teriam sido acuados pelos peões da família Ometto, usineiros paulistas, que trocaram a paisagem de floresta da região por um tapete de pasto, para criar a que seria a maior fazenda de gado do mundo. Toda a movimentação teria ocorrido como um fato natural, já que o pensamento do governo federal à época era de ocupar os espaços da floresta amazônica com fazendas de produção de gado.

Segundo o padre, o grupo de xavantes era composto por cerca de 200 pessoas que, com o desmatamento, foram acuadas num ponto alagadiço chamado "Cascalheira". Os índios não teriam escolhido aquele lugar, que ficava a cerca de 12 quilômetros da sede da fazenda. O local, descrito como um pântano, com péssimas condições de habitação, não ofereceria a caça, que teria sido devastada junto com a floresta.

Diante dessa escassez e acuados, um cacique xavante chamado Tibúrcio, junto de Maurício, gerente da fazenda Suiá Missú, buscaram juntos a ajuda do padre Mário, para tirar os índios de lá. O padre cuidava naquele ano, 1966, de uma missão salesiana onde viviam cerca de 400 xavantes. "Na missão de São Marcos, no município de Barra do Garças, conversei com os xavantes que já viviam lá e eles não se opuseram à vinda dos xavantes que moravam onde foi instalada a Suiá Missú, área que chamavam de Marawatsede, que significa Índio da Mata. Assim, chegamos a viajar até São Paulo, onde os Ometto tinha usinas, para avaliar como seria a transferência", contou.

A solução encontrada na capital paulista foi a de procurar a ajuda da Força Aérea Brasileira (FAB) para fazer a remoção dos xavantes até São Marcos.

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