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STF solta fazendeiro acusado pela morte da religiosa Dorothy

FSP, Brasil, p. A8
01 de Jul de 2006

STF solta fazendeiro acusado pela morte da religiosa Dorothy
Regivaldo Pereira Galvão deixou ontem a prisão em Belém; ele recorreu da decisão de ser levado à júri pelo assassinato
Advogado da CPT diz que país tem "Justiça de classe, que atinge os pobres, mas não consegue chegar aos mandantes dos crimes"

DA AGÊNCIA FOLHA

O fazendeiro Regivaldo Pereira Galvão -acusado de ser um dos mandantes do assassinato da missionária Dorothy Stang, ocorrido em fevereiro do ano passado, em Anapu (PA)- deixou às 15h10 de ontem a unidade prisional Centro de Recuperação do Coqueiro, em Belém (PA), graças a um habeas corpus concedido anteontem pelo STF (Supremo Tribunal Federal), que considerou a prisão preventiva ilegal.
Galvão, conhecido como Taradão, estava preso preventivamente desde abril de 2005. A Justiça determinou que Galvão seja levado à júri popular, mas ele recorreu e vai aguardar a decisão em liberdade.
De acordo com o diretor da unidade, coronel Luiz Correia Júnior, Galvão deixou a prisão acompanhado da mulher e do advogado. O advogado de Galvão, Jânio Siqueira, disse anteontem que seu cliente viajaria para São Paulo tão logo fosse libertado para fazer tratamento ortopédico e dentário.
O advogado da CPT (Comissão Pastoral da Terra) José Batista Gonçalves Afonso, que atua também como assistente de acusação, disse que a decisão mostra que existe "uma Justiça de classe" social.

"Justiça de classe"
"Convivemos com uma Justiça de classe, que atinge os pobres, mas não consegue chegar aos mandantes dos crimes. Só estão presos os pistoleiros, os assalariados do crime, os "paus mandados", como dizia a irmã Dorothy", disse Afonso.
Para dom Erwin Krautler, bispo da Prelazia do Xingu, com sede em Altamira (PA), uma das argumentações aceitas pelos ministros do Supremo Tribunal Federal -de que a prisão do fazendeiro teria sido motivada por vingança- constitui uma agressão aos movimentos sociais e à comunidade. "Não nos deixamos guiar por sede de vingança. Queremos justiça", declarou Krautler.

FSP, 01/07/2006, Brasil, p. A8

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