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SP desiste de parceria com União no Rodoanel

OESP, Cidades, p. C4
06 de Mai de 2004

SP desiste de parceria com União no Rodoanel
Secretário dos Transportes diz que governo federal deveria ter pago 30% do trecho oeste

Paula Puliti

O governo de São Paulo desistiu de ter a União como parceira para a construção do trecho sul do Rodoanel e avalia outras formas de financiar a obra, orçada em R$ 2 bilhões, que não incluam participação da União e do Município. Segundo o secretário estadual dos Transportes, Dario Rais Lopes, a decisão foi tomada porque Brasília "dá mostras de que não tem fôlego, ou vontade, de participar do empreendimento. Além disso, a Prefeitura, que deveria ter participado da construção da linha oeste, simplesmente não participou".
Segundo ele, a União ficou incumbida de financiar cerca de 30% do trecho oeste, mas não cumpriu as obrigações. O secretário reclamou publicamente do governo federal durante o Fórum de Logística e Competitividade Industrial, organizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), aproveitando a presença do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, e afirmou que a União ainda não pagou ao Estado cerca de R$ 25 milhões devidos em 2002. Em relação aos R$ 26 milhões de 2003, disse que "foram simplesmente cortados do orçamento".
O Estado vai recorrer ao setor privado para buscar recursos para o Rodoanel, possivelmente por meio de parcerias público-privadas estaduais, cujo projeto tramita na Assembléia. O secretário disse que dos R$ 2 bilhões orçados para a obra, 25% se referem a passivos ambientais.
Ferrovias - Segundo Lopes, o Estado precisa de investimentos de R$ 35 bilhões em logística de transportes. O plano estratégico elaborado pelo Estado prevê a diminuição da participação da matriz rodoviária dos atuais 93% para 65% até 2020. No mesmo período, o peso do transporte ferroviário cresceria de 5% para 32%.
"Que me desculpe o ministro, mas não se resolve o problema de transportes no Brasil com US$ 6 bilhões em quatro anos. Em quatro anos, só São Paulo precisa de US$ 7 bilhões", declarou.

Secretaria estuda saídas para o trecho sul da obra
Entre as opções, está a ligação das Avenidas Papa João XXIII e Jacu-Pêssego

Adriana Carranca

A Secretaria Estadual dos Transportes vai apresentar este mês um novo Estudo de Impacto Ambiental para o trecho sul do Rodoanel. Alternativas ao traçado original estão sendo discutidas com prefeituras, ambientalistas e arquitetos - só em Mauá, há sete opções. Entre elas, a construção de uma saída para a Avenida Papa João XXIII, em Mauá, que se ligaria à Avenida Jacu-Pêssego, na zona leste da capital, cuja ampliação está nos planos da Prefeitura e dá acesso às Rodovias Ayrton Senna e Dutra.
"O uso das Avenidas Papa João XXIII e Jacu-Pêssego seria uma alternativa aos motoristas, enquanto o trecho leste não sai", disse o secretário-adjunto dos Transportes, Paulo Tromboni. O novo estudo inclui a construção do Ferroanel, que acompanharia o traçado rodoviário e serviria para o transporte de cargas pesadas e perigosas a longas distâncias. A promessa é que as obras comecem ainda na gestão Alckmin.
O governo, porém, já disse não ter dinheiro para todo o trecho, entre 53 e 60 quilômetros, que ligará Mauá à Rodovia Régis Bittencourt, onde se conecta ao trecho oeste, e vai cruzar as Rodovias Anchieta e Imigrantes, que levam ao Porto de Santos - no plano plurianual estão previstos R$ 800 milhões, mas a obra deve custar R$ 2 bilhões.
O estudo de impacto ambiental e o relatório de impacto no meio ambiente (EIA-Rima) anterior, que propunha traçados para os trechos sul, norte e leste, foi inutilizado. O estudo, finalizado no ano passado com recursos públicos, caducaria em 5 anos e, segundo a Secretaria dos Transportes, sem verba, as obras não poderiam ser terminadas dentro do prazo.
O EIA-Rima antigo sofreu resistência por parte de ambientalistas, principalmente no que se refere aos trechos norte e sul, que atravessariam a Serra da Cantareira e as Represas Billings e Guarapiranga. Órgãos do governo, como a Sabesp e o Instituto Florestal (IF) também se opuseram ao traçado, perto de áreas de captação de água, responsáveis por 60% do abastecimento da Grande São Paulo.
Outra preocupação é que o Rodoanel estimule ocupações em áreas preservadas.
"Há 2 milhões de pessoas em áreas de mananciais, ruas, linhas de ônibus, escolas", alega Tromboni. "O Rodoanel não causará mais impacto, pois só terá acessos para as rodovias."
Na semana passada, Tromboni esteve no Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB). O presidente da IAB, Paulo Sophia, não quis dar uma posição do instituto sobre os traçados propostos. Ele defende o mais próximo à mancha urbana. Mas essa alternativa é questionada por alguns que acreditam no saturamento da via, como ocorreu nas Marginais. Segundo a secretaria, 50% dos caminhões que trafegam hoje pelas marginais seriam desviados para o Rodoanel.

OESP, 06/05/2004, Cidades, p. C4

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