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SP começa a investir em reúso de água

OESP, Metrópole, p. C12
06 de Mai de 2007

SP começa a investir em reúso de água
Centros de estudos e arquitetos criam métodos de reúso de água

Rodrigo Brancatelli

A água da chuva, depois de tratada, pode ir parar nas torneiras. Já a água que escorre pelo ralo da pia pode ser utilizada nas descargas dos banheiros. A da descarga, por sua vez, vai para a irrigação do jardim. E se sobrar alguns litros, nem que seja o suficiente para encher uma garrafa de refrigerante, já dá para manter o sistema de ar-condicionado funcionando por um dia inteirinho.

Num momento em que o próprio governo estadual já vislumbra um cenário de absoluta falta de água para atender a demanda urbana, industrial e agrícola, São Paulo ainda dá os primeiros passos para diminuir o desperdício. Reportagem do Estado mostrou que 34% da água produzida pela Sabesp simplesmente se perde por problemas na rede e por ligações clandestinas. Na tentativa de reduzir um pouco a discrepância entre oferta e procura, centros de pesquisa e arquitetos estão criando projetos para racionalizar os recursos hídricos e reutilizar a água das residências e escritórios da cidade.

"São Paulo consome 70 metros cúbicos de água por segundo, quase uma piscina olímpica", diz o engenheiro ambiental Ivanildo Hespanhol, diretor do Centro Internacional de Referência em Reúso de Água (Cirra), entidade vinculada à Universidade de São Paulo. "Só 25% desse volume é usado para fins potáveis. O potencial de reúso é enorme." Segundo estudos do Cirra, condomínios podem economizar até 40% na conta de água apenas com a instalação de sistemas que captam a água usada nas torneiras para abastecer as válvulas de descarga . "O princípio pode ser usado na indústria, criando uma fonte barata para abastecer torres de resfriamento ou lavar pisos", diz Hespanhol. "Falta só o incentivo do governo."

Lei para isso já existe. O Programa Municipal de Conservação e Uso Racional da Água determina que todos os imóveis paulistanos criem alternativas para diminuir o desperdício até 2015. Entre as adaptações, estão o uso de equipamentos para economia de água e uso de fontes alternativas (como a captação da chuva).

Essas determinações podem parecer uma realidade distante para a maioria dos paulistanos, mas não para o técnico hidráulico Edison Urbano, de 48 anos. Em 2003, depois de perder o emprego, ele começou a quebrar a cabeça para achar uma solução criativa e tentar diminuir o valor das contas da sua casa, no Ipiranga, zona sul. "Somos em quatro pessoas, sendo três cabeludos", diz. "Imagina quanto custava a conta de água! Fiz uma conta rápida e percebi que usávamos 6 mil litros por mês somente nas descargas dos banheiros."

Urbano se trancou no escritório e só saiu quando criou um sistema - meio que improvisado - para tratar a água dos ralos do banheiro e reutilizá-la nas válvulas da descarga. A conta ficou 30% menor. "Com R$ 500, qualquer um consegue instalar essa idéia na sua própria casa", diz ele, que agora trabalha no seu escritório num sistema de baixo custo para esquentar a água com o calor do sol. "Não só pelo dinheiro que você economiza, mas também pelo bem que você faz ao meio ambiente."

Os empreendimentos de alto padrão também já estão se adequando. Situado na Avenida Luís Carlos Berrini, na zona sul, o condomínio empresarial Rochaverá investiu R$ 600 milhões para ser o primeiro da América do Sul a receber o certificado Green Building, selo de qualidade ambiental. O lançamento está previsto para setembro. Além do uso de material reciclado na obra, o prédio terá um sistema que capta a água da chuva para usar na irrigação dos jardins. O Eldorado Business Tower, em construção na Marginal do Pinheiros, vai contar até com miniestação de tratamento para reaproveitar a água das torneiras. "Apesar dessas alternativas estarem engatinhando por aqui, elas fazem parte de uma tendência mundial", afirma a arquiteta Cristiane Mattos. "A tecnologia está deixando os condomínios ecologicamente corretos."

'Prédios verdes' atraem executivos e ambientalistas

Nos EUA e na Europa, a nova vedete do mercado imobiliário são os chamados "green buildings". Esses prédios verdes, na tradução literal, têm especificações ecologicamente corretas que atraem desde o ativista mais fanático do Greenpeace até o engravatado preocupado somente com a sua própria saúde. Entre as novidades, os edifícios possuem placas de captação de energia solar e sistema para armazenar, tratar e reaproveitar a água da chuva. Um arranha-céu de Nova York que ficará pronto em fevereiro de 2008, por exemplo, terá inclusive gerador movido pelo vento, que abastecerá 70% de suas necessidades de energia. Até o ar que entra no prédio será purificado e devolvido à rua, tornando-o uma espécie de filtro. O preço de tudo isso? Mais de US$ 1,3 bilhão.

'Prédios verdes' são moda nos EUA e na Europa SP começa a investir em reúso de água
Arquitetos, cidadãos e institutos criam métodos contra desperdício

Rodrigo Brancatelli

A água da chuva, depois de tratada, pode ir parar nas torneiras. Já a água que escorre pelo ralo da pia pode ser utilizada nas descargas dos banheiros. A da descarga, por sua vez, vai para a irrigação do jardim. E se sobrar alguns litros, nem que seja o suficiente para encher uma garrafa de refrigerante, já dá para manter o sistema de ar-condicionado funcionando por um dia inteirinho.

Num momento em que o próprio governo estadual já vislumbra um cenário de absoluta falta de água para atender a demanda urbana, industrial e agrícola, São Paulo ainda dá os primeiros passos para diminuir o desperdício. Reportagem do Estado mostrou que 34% da água produzida pela Sabesp simplesmente se perde por problemas na rede e por ligações clandestinas. Na tentativa de reduzir um pouco a discrepância entre oferta e procura, centros de pesquisa e arquitetos estão criando projetos para racionalizar os recursos hídricos e reutilizar a água das residências e escritórios da cidade.

'São Paulo consome 70 metros cúbicos de água por segundo, quase uma piscina olímpica', diz o engenheiro ambiental Ivanildo Hespanhol, diretor do Centro Internacional de Referência em Reúso de Água (Cirra), entidade vinculada à Universidade de São Paulo. 'Só 25% desse volume é usado para fins potáveis. O potencial de reúso é enorme.' Segundo estudos do Cirra, condomínios podem economizar até 40% na conta de água apenas com a instalação de sistemas que captam a água usada nas torneiras para abastecer as válvulas de descarga . 'O princípio pode ser usado na indústria, criando uma fonte barata para abastecer torres de resfriamento ou lavar pisos', diz Hespanhol. 'Falta só o incentivo do governo.'

Lei para isso já existe. O Programa Municipal de Conservação e Uso Racional da Água determina que todos os imóveis paulistanos criem alternativas para diminuir o desperdício até 2015. Entre as adaptações estão o uso de equipamentos para economia de água e uso de fontes alternativas (como a captação da chuva).

Essas determinações podem parecer uma realidade distante para a maioria dos paulistanos, mas não para o técnico hidráulico Edison Urbano, de 48 anos. Em 2003, depois de perder o emprego, ele começou a quebrar a cabeça para achar uma solução criativa e tentar diminuir o valor das contas de sua casa, no Ipiranga, zona sul. 'Somos em quatro pessoas, sendo três cabeludos', diz. 'Imagina quanto custava a conta de água! Fiz uma conta rápida e percebi que usávamos 6 mil litros por mês somente nas descargas dos banheiros.'

Urbano se trancou no escritório e só saiu quando criou um sistema - meio que improvisado - para tratar a água dos ralos do banheiro e reutilizá-la nas válvulas da descarga. A conta ficou 30% menor. 'Com R$ 500, qualquer um consegue instalar essa idéia em sua própria casa', diz ele, que agora trabalha no seu escritório num sistema de baixo custo para esquentar a água com o calor do sol. 'Não só pelo dinheiro que você economiza, mas também pelo bem que você faz ao meio ambiente.'

Os empreendimentos de alto padrão também já estão se adequando. Situado na Avenida Luís Carlos Berrini, na zona sul, o condomínio empresarial Rochaverá investiu R$ 600 milhões para ser o primeiro da América do Sul a receber o certificado Green Building, selo de qualidade ambiental. O lançamento está previsto para setembro. Além do uso de material reciclado na obra, o prédio terá um sistema que capta a água da chuva para usar na irrigação dos jardins. O Eldorado Business Tower, em construção na Marginal do Pinheiros, vai contar até com miniestação de tratamento para reaproveitar a água das torneiras. 'Apesar dessas alternativas estarem engatinhando por aqui, elas fazem parte de uma tendência mundial', afirma a arquiteta Cristiane Mattos. 'A tecnologia está deixando os condomínios ecologicamente corretos.'

Nos EUA e na Europa, a nova vedete do mercado imobiliário são os chamados 'green buildings'. Esses prédios verdes, na tradução literal, têm especificações ecologicamente corretas que atraem desde o ativista mais fanático do Greenpeace até o engravatado preocupado somente com sua própria saúde. Entre as novidades, os edifícios possuem placas de captação de energia solar e sistema para armazenar, tratar e reaproveitar a água da chuva. Um arranha-céu de Nova York que ficará pronto em fevereiro de 2008, por exemplo, terá inclusive gerador movido pelo vento, que abastecerá 70% de suas necessidades de energia. Até o ar que entra no prédio será purificado e devolvido à rua, tornando-o uma espécie de filtro. O preço de tudo isso? Mais de US$ 1,3 bilhão. R.B.

OESP, 06/05/2007, Metrópole, p. C12

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