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Solos do Hemisfério Sul estão mais secos

O Globo, Ciência, p. 26
13 de Out de 2010

Solos do Hemisfério Sul estão mais secos
Mudança ocorrida desde 1998 acelera aquecimento global

Os solos em grandes áreas do Hemisfério Sul, incluindo partes da Austrália, África e América do Sul, secaram consideravelmente na última década, o que pode ser atribuído ao aquecimento do planeta. A conclusão é da primeira pesquisa já realizada no mundo a examinar o fenômeno da evapotranspiração - o movimento da água da Terra para a atmosfera - em base global.

A maioria dos modelos climáticos indica que a evapotranspiração aumentaria com o aquecimento da Terra. A nova pesquisa, publicada na "Nature", constatou que foi exatamente o que aconteceu entre 1982 e o fim dos anos 1990.

Em 1998, no entanto, esse significativo aumento da evapotranspiração - de 7 milímetros por ano - foi drasticamente reduzido ou simplesmente interrompido. Por isso, em muitas áreas do mundo, os solos estão mais secos do que costumavam ser, liberando menos água para a atmosfera.
Dados limitados para análise mais ampla Como os dados disponíveis são limitados a um número baixo de décadas, os cientistas dizem que não podem ter certeza absoluta se o fenômeno registrado nos últimos 12 anos é uma variação natural ou parte de uma alteração mais duradoura provocada pelo aquecimento global. Mas uma possibilidade é que, considerando todo o planeta, um limite para a aceleração do ciclo hidrológico na Terra já tenha sido atingido.

Se este for o caso, as consequências podem ser sérias. Entre elas, um crescimento reduzido da vegetação terrestre, menos absorção de carbono, a perda do mecanismo de esfriamento natural provido pela evapotranspiração, maior aquecimento da superfície terrestre e ondas de calor mais intensas.

- Esta é a primeira vez que conseguimos compilar observações como estas para fazer uma análise global - ressalta Beverly Law, especialista em mudanças climáticas da Universidade de Oregon State e coautor do estudo. - Não esperávamos ver esta mudança em uma área tão extensa do Hemisfério Sul. É fundamental continuar essas observações a longo prazo, porque, até fazermos este monitoramento por um maior período, não podemos ter certezas.

O Globo, 13/10/2010, Ciência, p. 26

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