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Socorro a indústrias

O Globo, Rio, p. 7
10 de Fev de 2015

Socorro a indústrias
Paraibuna sai do volume morto, mas estado já prepara medidas para ajudar empresas

EMANUEL ALENCAR
emanuel.alencar@oglobo.com. br
RUBEN BERTA
rberta@oglobo.com. br

Com a ajuda das chuvas, o reservatório Paraibuna, o maior dos quatro que abastecem o Estado do Rio, teve um ligeiro aumento no nível de água para 0,08%, deixando de operar no volume morto, o que acontecia há três semanas. Ontem, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Texeira, e o governador Pezão se reuniram para traçar um plano, com obras emergenciais, para minimizar os prejuízos da redução da vazão do Paraíba do Sul em quatro indústrias da região, entre elas a CSN. O estado anunciou ontem uma série de medidas para garantir o funcionamento de quatro importantes indústrias do Rio até o fim do ano. Com a estiagem, Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), Gerdau, Fábrica Carioca de Catalizadores (FCC) e Furnas, todas instaladas na foz do Rio Guandu, têm encontrado dificuldades para captar água doce. Um fenômeno chamado intrusão salina, quando as águas da Baía de Sepetiba invadem as do Guandu, deve se intensificar nos próximos meses, quando a vazão do Paraíba do Sul sofrerá novas reduções. As intervenções foram anunciadas apesar de o nível do Paraibuna, o maior dos quatro reservatórios que abastecem a Região Metropolitana do Rio, ter subido para 0,08% no domingo, depois de operar desde 21 de janeiro no volume morto.
Após reunião no Palácio Guanabara com o governador Luiz Fernando Pezão e a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o secretário estadual do Ambiente, André Corrêa, disse que o governo estuda a construção de um enrocamento para conter a invasão do mar e garantiu que as empresas terão que custear obras para mudanças em suas captações. Consideradas emergenciais, as intervenções não tiveram seus prazos de execução divulgados.
- Estamos usando 11 mil litros por segundo de água para empurrar a água salgada (em direção à Baía de Sepetiba) e garantir o funcionamento dessas indústrias. Isso não pode persistir no Rio de Janeiro. Não tem qualquer racionalidade. Mas é claro que não podemos simplesmente decretar: "Empresas, parem (de funcionar)". São indústrias importantes, geram empregos, energia. Uma das possibilidades é a construção de um molhe de pedras, para ajudar a evitar a intrusão salina. A outra é a construção de uma adutora de 14 quilômetros rio acima, um investimento a ser feito por essas companhias - disse Corrêa.
Ontem à tarde, o secretário esteve com os representantes das quatro empresas em mais uma das reuniões que acontecerão todas as quartasfeiras, no chamado gabinete de emergência. Corrêa reforçou que não há prazo definido para as duas obras, mas acredita que o enrocamento possa ficar pronto em três meses.
REDUÇÃO DA VAZÃO NO PARAÍBA DO SUL
Afinando os discursos, os governos federal e estadual informaram que a vazão do Paraíba do Sul, que abastece mais de 15 milhões de pessoas em Rio, São Paulo e Minas Gerais, terá mesmo que ser diminuída, ainda nos próximos meses, para 110 metros cúbicos por segundo na elevatória de Santa Cecília - atualmente é de 140 metros cúbicos por segundo. Em Santa Cecília, há o desvio de mais da metade do curso do Paraíba do Sul para a Região Metropolitana do Rio. Gestores fluminenses não eram favoráveis à redução da vazão. Até o fim de fevereiro não haverá mudanças. As alterações devem vir escalonadas, a partir de março.
- Estamos trabalhando com cenários mais restritivos, considerando que a estiagem se prolongue em 2016. O objetivo é assegurar a oferta de água para 2020. O Rio não tem a condição crítica que têm hoje São Paulo e Espírito Santo. Vamos disponibilizar o corpo técnico da Agência Nacional da Águas (ANA) para a construção do enrocamento do Guandu, diminuindo a dependência das empresas. Saio otimista - afirmou Izabella Teixeira.
O secretário estadual do Ambiente não quis estabelecer prazos para as intervenções, mas anunciou que obras de R$ 930 milhões são necessárias para driblar dificuldades em tempos de escassez, em todo o estado. À ministra, Corrêa pediu ajuda de R$ 360 milhões para essas obras. Em resposta, ouviu que a presidente Dilma "tem se empenhado" para ajudar os estados. Evitando falar em racionamento - "O Rio tem água, mas precisa administrar essa água com racionalidade", lembrou -, a ministra Izabella Teixeira destacou que o abastecimento urbano no Grande Rio está garantido por causa da enorme capacidade do Paraibuna. A hidrelétrica de Paraibuna, operada pela Companhia Energética de São Paulo (Cesp), voltou a produzir energia.
A Região Metropolitana do Rio, com exceção de Niterói e São Gonçalo, é abastecida por quatro reservatórios de água do Paraíba do Sul: Paraibuna, Santa Branca e Jaguari, que ficam em São Paulo; e Funil, em Itatiaia, no Sul Fluminense. A média dos quatro reservatórios subiu de 1,21% para 2,17% nos últimos três dias. A represa de Santa Branca é a única das quatro que permanece no volume morto, registrando patamar negativo de 3,87%. Jaguari está em 3,19%. Funil, em Itatiaia, apresenta volume útil de 13,05%, a maior recuperação.
O desvio do curso de rios poluídos da Baixada, que hoje interferem na estação do Guandu, está na lista das prioridades do governo. A quantidade de esgoto que chega à captação da Cedae tem sido motivo de críticas de especialistas em recursos hídricos. As obras estão orçadas em R$ 77 milhões.

O Globo, 10/02/2015, Rio, p. 7

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