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Só um dos mortos foi identificado pela PF

Estadão do Norte-Porto Velho-RO
Autor: DALTON DI FRANCO
14 de Abr de 2004

Um dos garimpeiros mortos por índios Cinta Larga, na quarta-feira 7, foi identificado por familiares durante a necropsia realizada ontem no necrotério do cemitério municipal de Ji-Paraná, a 400 km da Capital. Francisco das Chagas Alves Saraiva, também conhecido como Baiano Doido, foi resgatado no final da tarde de domingo, de helicóptero, por policiais federais, com o apoio da Polícia Civil e da PM, já em adiantado estado de putrefação. Outros dois corpos também retirados da Reserva Roosevelt, no final da tarde de domingo, não foram reconhecidos e deveriam ser enterrados, ainda ontem, como indigentes, segundo a Secretaria da Segurança, Defesa e Cidadania. Pelo menos outros quinze garimpeiros estariam desaparecidos.
Segundo uma fonte policial, Baiano Doido foi identificado com a ajuda da mulher e de uma cunhada. Do necrotério, as duas foram levadas à Delegacia Regional para prestarem depoimento, como é de praxe em casos dessa natureza. Atendendo determinações do secretário da Segurança, deputado Paulo Moraes, o delegado Fauaze Nakad, titular da regional da Polícia Civil, mobilizou toda a equipe da Polícia Técnica e Científica e ainda pediu o apoio do odontólogo Ahmed Bahas, para fazer o exame da arcada dentária nos dois corpos que não foram identificados.
Os corpos foram retirados na tarde de domingo. Na operação, foi utilizado um hélicoptero que desceu numa clareira aberta por funcionários da Funai. Exalando mau cheiro, os corpos foram levados até um local onde o rabecão aguardava. De lá foram levados para Ji-Paraná. Com o adiantado da noite, os corpos ficaram no necrotério do cemitério municipal, sob proteção da PM. Ontem cedo, a necropsia foi iniciada. Com a chegada de familiares, foi possível identificados um dos corpos.
Conforme o exame preliminar, um dos garimpeiros foi morto a tiros. Os outros foram executados a golpes de faca ou lança. Um deles chegou a ter os testículos arrancados. A execução teria ocorrido por volta das 11h da manhã de quarta-feira, dentro da Reserva Roosevelt, no município de Espigão do Oeste. Cerca de 150 garimpeiros procuravam diamantes quando se envolveram no conflito com índios Cinta Larga. Os três corpos foram encontrados na sexta-feira, por técnicos da Funai, já em adiantado estado de decomposição.

REFÉM
No sábado passado, revoltados com a morte de colegas, cerca de 300 garimpeiros chegaram a aprisionar o índio Marcelo Cinta Larga. Ele foi amarrado a uma arvore, na praça central de Espigão do Oeste, por mais de 10 horas. Libertado, com o apoio da Polícia Militar, o índio foi levado para Ji-Paraná, sob escolta. Ele chegou a ser apontado como um dos autores das mortes ocorridas dentro do garimpo da Reserva Roosevelt, que abriga a maior jazida de diamantes a céu aberto do mundo.
As autoridades policiais tomaram conhecimento do conflito, na quinta-feira, quando começaram a divulgar diversas as versões sobre o número de mortos. Falava-se de quatro a 16 garimpeiros assassinados pelos índios. Divaldo Pinheiro Moraes, Valtair Alves Pinheiro, o Rara, Gerssi Fidelis Mendes, o Turirica, e Manoel Domingos de Souza, o Cabelo, sobreviventes do massacre, contaram à Polícia Civil como o episódio ocorreu na quarta-feira e que teria durado três horas.

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