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So reserva nao basta, diz relatorio: estudo do Meio Ambiente diz que areas isoladas correm risco de sumir

FSP, Ciencia, p.A19
11 de Dez de 2003

Estudo do Meio Ambiente diz que áreas isoladas correm risco de sumir Só reserva não basta, diz relatório
FREE-LANCE PARA A FOLHA A espécie-símbolo da preservação no Brasil escapou do inimigo tradicional -a caça para venda como animal de estimação- só para encontrar perigos novos. Que o digam os micos-leões-dourados infectados com o Trypanosoma cruzi, causador do mal de Chagas, ou mortos por cachorros domésticos em reservas do Estado do Rio de Janeiro.Essas ameaças são só um exemplo dos riscos que a fragmentação ambiental -a divisão de ecossistemas em pedaços menores e isolados- está criando para a fauna e a flora do país, alerta um relatório que o Ministério do Meio Ambiente divulga hoje. O trabalho "Fragmentação de Ecossistemas: Causas, Efeitos sobre a Biodiversidade e Recomendações de Políticas Públicas" sugere que proteger só os remanescentes de matas, sem pensar no que há em volta, equivale a extermínio adiado."O buraco é mais embaixo", resume o secretário de Biodiversidade e Florestas do MMA, João Paulo Ribeiro Capobianco, 46. "As políticas públicas ambientais foram concebidas com a noção de que um conjunto de áreas protegidas bastava. Mas a fragmentação de ecossistemas pode fazer com que essas áreas caminhem para a inviabilidade", afirma.O volume reúne as contribuições de 120 cientistas em 15 projetos de pesquisa sobre o problema, investigando suas repercussões na mata atlântica, no cerrado, na floresta amazônica e em ambientes costeiros. Há pelo menos uma boa notícia: embora sob risco a longo prazo, fragmentos pequenos de mata (com menos de 1 km2) ainda conseguem manter um número adequado de espécies de pequenos mamíferos.O grande problema é que o tamanho dessas populações é tão minúsculo que elas tendem a encolher e sumir, se não houver trânsito de indivíduos de um trecho a outro. Alguns tipos de atividade econômica no entorno das reservas, como pomares ou sistemas agroflorestais, permitem isso. "Mas a monocultura de soja, por exemplo, cria espaços intransponíveis", diz Capobianco.Mais expostos, os fragmentos também correm risco de doenças transmitidas por animais exóticos -caso do mal de Chagas passado aos micos-leões por saguis do Nordeste, trazidos como bichos de estimação. Para o secretário, as informações do relatório permitirão identificar esses problemas regionais e atacá-los individualmente, bem como melhorar a legislação ambiental. (RJL)

FSP, 11/12/2003, p. A9

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