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Só 7 municípios têm pleno acesso a coleta seletiva

OESP, Vida, p. A20
22 de Set de 2010

Só 7 municípios têm pleno acesso a coleta seletiva
Estudo realizado pelo Cempre mostra que serviço cresceu 9,3% em dois anos, mas ainda é precário na maior parte do País

Afra Balazina, Andrea Vialli

Apenas sete municípios brasileiros conseguem atender toda a população com serviços de coleta seletiva: Santos, Santo André, São Bernardo do Campo (os três em São Paulo), Itabira (MG) e as capitais Curitiba (PR), Porto Alegre (RS) e Goiânia (GO).
Em dois anos, houve aumento de apenas 9,3% no número de municípios que fazem coleta seletiva no País: eram 405 em 2008 e hoje são 443. O total equivale a 8% dos municípios brasileiros.
Os dados fazem parte do documento Ciclosoft 2010 do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre), obtido com exclusividade pelo Estado. A pesquisa teve início em 1994 e é realizada a cada dois anos pela entidade.
Na avaliação de André Vilhena, diretor executivo do Cempre, a coleta seletiva ainda não entrou na lista de prioridades dos prefeitos no Brasil. "O projeto nasce sem abrangência significativa, demora para crescer e às vezes não evolui", diz. Mas ele considera que, com a sanção presidencial da Lei de Resíduos Sólidos, os dirigentes ficarão mais engajados.
"A lei obriga a fazer a coleta seletiva em um prazo de quatro anos. Podemos ter um salto, dobrar ou triplicar essa quantidade", afirma. Atualmente, os programas de coleta seletiva estão concentrados nas Regiões Sudeste (221 municípios no total) e Sul (159 municípios).
Uma solução para tornar a coleta seletiva mais viável é que os municípios menores façam consórcios entre eles. "Dessa forma, haverá um volume de material reciclado que vai ter condição de venda", diz Vilhena.
Levando em conta o peso do material, o que mais se coleta no Brasil são aparas de papel e papelão, seguidos pelos plásticos. A quantidade de rejeitos - material que não pode ser reciclado ou foi contaminado - ainda é alta: 13,3%. Por isso, segundo o Cempre, é preciso tanto melhorar o serviço de coleta como conscientizar a população para separar o lixo corretamente.
Apesar da falta de eficácia da coleta seletiva na maior parte dos municípios brasileiros, a perspectiva é de que o serviço avance. A regulamentação da lei de resíduos, que deve ocorrer em breve, prevê maior responsabilidades por parte de quem gera o resíduo - como a indústria de embalagens.
"Hoje, 70% dos municípios brasileiros têm algum tipo de programa de coleta seletiva, mesmo que incipiente" afirma Carlos Silva Filho, diretor executivo da Abrelpe, que reúne as empresas de coleta e tratamento de resíduos.
São Paulo e Santos. Dos 96 distritos da capital paulista, 74 são atendidos hoje por coleta seletiva. De acordo com a Prefeitura de São Paulo, o volume do material coletado cresceu oito vezes desde que o programa foi criado, em 2003. Atualmente, são recolhidas, em média, 120 toneladas diárias de material.
Vilhena considera que a situação poderia ser melhor. "O município tem 80 cooperativas candidatas a fazer parte do programa, mas a prefeitura mantém apenas 17", diz ele. De acordo com a Secretaria Municipal de Serviços, em um curto prazo "serão incluídas mais seis cooperativas para atender à demanda".
Já em Santos, o sistema de coleta seletiva funciona há 20 anos. "Estamos trabalhando para ampliar a participação da sociedade, que é boa, mas pode melhorar muito", diz o prefeito de Santos, João Paulo Tavares Papa (PMDB). O município coletou 1.858,32 toneladas de material reciclado no primeiro semestre desse ano, 21,5% a mais que o recolhido no mesmo período de 2009. A coleta funciona em todos os bairros da área insular (onde reside mais de 99% da população). / Colaborou Rejane Lima

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100922/not_imp613362,0.php

Entulho de obras já representa 1/3 dos resíduos coletados

Andrea Vialli

O bom momento da construção civil no País está causando um efeito colateral indesejado: o aumento da geração de entulho de construção.
Levantamento da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) indica que foram coletados, em 2009, 28,8 milhões de resíduos de construção e demolição - um aumento de 14% em relação a 2008. No mesmo período, a geração de lixo doméstico cresceu 8%.
Na prática, porém, o problema é maior, já que não é obrigação dos governos municipais recolher esse tipo de entulho. "Os dados são referentes ao volume de entulho que é coletado pelas prefeituras. A geração desses resíduos certamente é muito maior", diz Carlos Silva Filho, diretor executivo da Abrelpe.
O tema preocupa, pois grande parte desse entulho acaba sendo descartado de forma inadequada no ambiente, em terrenos baldios e rios. De acordo com Silva Filho, uma das soluções possíveis é a reciclagem desses resíduos, que ainda caminha de forma incipiente no País. "É possível reutilizar esse entulho nas próprias construções."

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100922/not_imp613363,0.php

Curitiba mantém várias estruturas para serviço

Evandro Fadel / Curitiba

Em 1989, a criação do programa Lixo Que Não é Lixo revolucionou a coleta em Curitiba e no Brasil. Foi a primeira cidade a ter um sistema de separação do lixo, que hoje abrange quase 100% do município. Em alguns locais, a prefeitura instituiu o programa Câmbio Verde, que consiste na troca do lixo reciclável por hortigranjeiros. Nos dois programas são recolhidos diariamente cerca de 100 toneladas de material.
Os dias em que os caminhões passam pelo endereço do morador podem ser pesquisados na internet e também são informados nos condomínios. Normalmente, eles passam três dias por semana em ruas centrais e dois nos bairros.
O material vai para a Usina de Valorização de Rejeitos, administrada por uma ONG. Cerca de 5 mil recicladores atuam como parceiros e recolhem 500 toneladas por dia de lixo reciclável em domicílios previamente acertados ou nos dias em que os caminhões não circulam.
Há dois anos começou a ser implementado o programa Ecocidadão, com a criação de parques de reciclagem. De um total previsto de 25 parques, 10 estão funcionando - eles já coletaram 3,5 mil toneladas de material reciclável. Em cada parque há prensa, balança, empilhadeira e bancadas para separação de materiais.

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100922/not_imp613364,0.php

OESP, 22/09/2010, Vida, p. A20

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