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Sivam custa caro, mas só opera em agosto

Jornal do Brasil-Rio de Janeiro-RJ
Autor: Leandro Fontes
01 de Mar de 2002

Vigilância na Amazônia demora sete anos para ser instalada

Depois de sete anos de escândalos e suspeitas, o Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam) deve, finalmente, decolar em agosto. Para sair do chão, no entanto, estourou todas as contas e deixou um rastro de confusões políticas e contábeis. Em 1994, o orçamento destinado às obras civis do projeto era de US$ 110 milhões - o equivalente, à época, a R$ 110 milhões. Em 1999, a empreiteira Schahin foi contratada por R$ 287 milhões. No sistema de acompanhamento de gastos federais (Siafi), consta que a construtora já recebeu R$ 371,7 milhões.
A primeira unidade do Sivam a ser entregue será o Centro Regional de Vigilância (CRV) de Manaus, em 25 de julho. De setembro a dezembro, outros dois centros entrarão em operação, o de Porto Velho e o de Belém. O último contrato celebrado no projeto foi com a Telemar. A empresa de telefonia receberá R$ 3,9 milhões para cuidar da transmissão via satélite.
A história do Sivam tem vícios de origem. Em 1995, quando o projeto ainda estava em fase de licitação para compra de equipamentos, um escândalo derrubou o ministro da Aeronáutica, brigadeiro Mauro Gandra, e o chefe do Cerimonial da Presidência da República, embaixador Júlio César Gomes. Ambos foram acusados de fazer tráfico de influência a favor da Raytheon Company. A empresa americana ganhou a concorrência, de R$ 1,4 bilhão.
Logo em seguida, a Esca Engenharia, contratada para gerenciar os sistemas de informática, foi flagrada fraudando a Previdência Social. Foi substituída pela Atech-Fundação Aplicações de Tecnologias Críticas - formada, basicamente, por ex-funcionários da própria Esca. A empresa mantém escritório em Manaus, salas no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e conta com aporte de capital da Embraer. Até agora, recebeu R$ 56,6 milhões pelos serviços prestados ao Sivam. O chefe da Atech na Amazônia é Ricardo Vilarinho, irmão do brigadeiro Paulo Vilarinho, da Diretoria de Controle de Espaço Aéreo do Comando da Aeronáutica, principal usuário do Sivam no governo.
Apesar do histórico, o projeto é considerado de grande importância estratégica para a segurança nacional. Um conjunto de 25 radares permitirá o controle do espaço aéreo da região, hoje um imenso vazio espacial usado, principalmente, pelo narcotráfico internacional. Três esquadrões da Força Aérea Brasileira estarão a postos para interceptar aeronaves clandestinas. As informações servirão, ainda, para controle meteorológico, uso do solo e fiscalização de queimadas e desmatamentos. O sistema de transmissão de dados será usado para programas de tele-educação na Amazônia.

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