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Sinais de uma terra de índios

Diário de Santa Maria - http://www.clicrbs.com.br/
Autor: LÚCIO CHARÃO
04 de Ago de 2010

Estudantes e professor da UFSM escavam e encontram resquícios de bando que viveu em Pinhal Grande

Há mais ou menos 10 anos, o agricultor Lucas Antonio Somavilla, 43 anos, dono do Sítio Somavilla, vivia intrigado com pedras diferentes que encontrou em sua propriedade, no interior de Pinhal Grande. Mas a dúvida começou a ser esclarecida no último sábado, quando o doutor em Antropologia Brasileira e professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Saul Eduardo Seiguer Milder, 48 anos, chegou ao local.

O estudioso confirmou que as "pedras" eram pontas de lança, raspadores (facas), pedras de boleadeiras e talhadores (machados). O material pertenceu a um grupo de 35 a 50 índios que viveu no local há aproximadamente 4 mil anos.

- Eu sempre encontrava esses materiais na superfície. Sabia que não eram normais - revela Somavilla.

Milder, acompanhado de um grupo de 17 alunos da graduação de História e do mestrando em Patrimônio Cultural Ricardo Marion, 24 anos, deve seguir o trabalho de escavação no sítio até domingo. A expectativa é encontrar de 3 mil a 4 mil peças. A descoberta, segundo o professor, é muito significativa, principalmente porque o local onde esse bando teria habitado é bem distante da bacia hidrográfica do Rio Jacuí, região em que já foram encontrados fósseis de animais pré-históricos.

- Eles (índios) provavelmente vieram para cá (sítio) por causa da pressão demográfica. As tribos expulsaram o grupo da bacia (do Jacuí), e ele teve de ir para uma área com menos alimentos - diz Milder.

O professor ainda ressalta que, a partir de um fragmento de cerâmica encontrado, foi levantada a hipótese de que o local fosse um cemitério indígena. É que os índios costumavam usar o material sobre os corpos dos mortos, antes de enterrá-los.

Essa e outras respostas, como há quanto tempo, exatamente, esses índios viveram, surgirão em, no máximo, seis meses, quando o Laboratório de Antropologia e História da UFSM apresentar os resultados das pesquisas com os materiais.

A escavação - Em cerca de 20 pequenos quadrados, os alunos escavam, delicadamente, em busca de artefatos que possam ter sido utilizados há 4 mil anos por ancestrais dos moradores da pequena Pinhal Grande, cidade com 5 mil habitantes.

- Após ser catalogado e identificado pela UFSM, esse material vai ficar no município. As pessoas têm de conhecer mais sobre a nossa história - valoriza a secretária de Cultura, Cristina Dalmolin, que afirmou que a prefeitura irá auxiliar o agricultor Somavilla a transformar o local em uma rota do turismo arqueológico.

http://www.clicrbs.com.br/dsm/rs/impressa/4,38,2993397,15223

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