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Sexta extinção em massa ameaça a segurança alimentar global

O Globo - http://oglobo.globo.com/
26 de Set de 2017

Relatório alerta sobre o risco de desaparecimento de plantas e animais capazes de ajudar a produção alimentar em tempos de mudanças climáticas

A sexta extinção em massa, que está sendo provocada pelos humanos, é uma séria ameaça à segurança alimentar, alerta relatório publicado ontem pelo grupo de pesquisas Bioversity International.

"Grande proporção das espécies de plantas e animais que formam as fundações da nossa cadeia alimentar estão tão ameaçadas como as selvagens e não recebem atenção", escreveu Ann Tutwiler, diretora do grupo, em artigo publicado no jornal britânico "The Guardian". "Se existe alguma coisa que não podemos permitir que seja extinta são as espécies que fornecem alimentos que sustentam cada uma das sete bilhões de pessoas no nosso planeta".

O relatório defende que três quartos de todos os alimentos produzidos são derivados de apenas 12 culturas e cinco espécies animais, e isso deixa a cadeia produtiva vulnerável a pestes e doenças, como aconteceu na "Grande Fome da Batata na Irlanda", em 1845, quando uma praga afetou as lavouras do tubérculo e provocou a morte de um milhão de pessoas.

Essa dependência é um risco num planeta que passa por mudanças ambientais que podem afetar a produtividade, enquanto a demanda não para de aumentar. Milhares de espécies selvagens ou pouco cultivadas poderiam fornecer à Humanidade uma variedade de alimentos nutritivos, resistentes a doenças e tolerantes às mudanças ambientais, mas a destruição de áreas selvagens, a poluição e a caça deram início a uma extinção em massa das espécies animais selvagens e de ao menos mil espécies de plantas cultivadas.

"Dietas pobres acontecem em grande parte porque nós unificamos a alimentação num estreito conjunto de commodities e não estamos consumido a diversidade", acreditam os pesquisadores.

O relatório do grupo indica como governos e companhias podem proteger, melhorar e fazer uso de uma grande variedade de culturas vegetais pouco conhecidas, como a Momordica cochinchinensis, conhecida como gac, natural do sudeste asiático; e a banana fei, natural das ilhas do Pacífico. Ambas as espécies têm altos níveis de betacaroteno, fonte de vitamina A para o organismo.

A quinoa vem ganhando espaço no mercado mundial, mas apenas algumas das milhares de variedades nativas da América do Sul são cultivadas - e apoiar essa cultura pode ajudar o Peru a produzir grãos nutritivos capazes de proteger a população do país dos extremos climáticos. Na Etiópia foram descobertas neste ano duas variedades de trigo capazes de serem produzidos mesmo em áreas extremamente secas.

"A biodiversidade é cheia de superalimentos, mas talvez seja ainda mais importante que esses alimentos já estejam prontos e adaptados às condições locais de produção", comentou Tutwiler.

https://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/meio-ambiente/sexta-extincao…

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