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Servidor da Funai adere à greve nacional

Folha de Boa Vista - http://www.folhabv.com.br/
Autor: Neidiana Oliveira
05 de Jul de 2012

A greve de vários órgãos federais continua em todo o Brasil, com adesão de mais de 450 mil trabalhadores federais. Um dos últimos órgãos a aderir à greve em Roraima foi a Fundação Nacional do Índio (Funai), que ontem começou a disponibilizar apenas os serviços considerados essenciais por tempo indeterminado. Os servidores da fundação reivindicam em conjunto com os demais órgãos federais, porém com algumas pautas específicas conforme a realidade do Estado.

Reivindicando o cumprimento de vários acordos firmados pelo Governo Federal ainda no ano passado, as universidades federais, Eletrobras, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e outros órgãos ingressaram uma greve em todo o território nacional, que só deve ser encerrada quando o governo adotar medidas para acertar os ajustes firmados entre as classes trabalhistas que até o momento não foram cumpridos.

As adesões sucessivas ao movimento da greve nacional deixam claro o tamanho da insatisfação dos servidores federais com a forma como o governo vem tratando as categorias. Até o momento não houve nenhum esforço para negociar e definir uma política de carreira e de salário aos trabalhadores.

Thiago Lied, do comando geral de greve da Funai, afirmou que na segunda-feira, 02, foi realizada uma assembleia com os servidores da Coordenação Regional de Boa Vista e Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami e Y'ekuana, quando ficou aprovada pela maioria das coordenações a adesão à greve. "Estamos em busca de melhorias, não somente para o trabalho interno, mas para a prestação de serviço mais adequada, conforme a necessidade do nosso público", declarou.

Para não paralisar totalmente os serviços e não prejudicar o trabalho foi determinado a permanência de alguns servidores em suas respectivas funções. Estão funcionando minimamente os setores de protocolo, financeira, licitações e outros considerados essenciais. "Estamos trabalhando porque gostamos do que fazemos, simplesmente por amor, mas com certeza, se todas as nossas reivindicações forem resolvidas, o trabalho terá um melhor desempenho", afirmou.

A coordenadora do grupo de comunicação da greve, Elayne Maciel, detalhou que dentre as pautas de reivindicação nacional estão a reposição das perdas salariais, reestruturação do órgão indigenista, fortalecimento da política indigenista brasileira, regulamentação do direito dos povos indígenas à consulta prévia, aprovação imediata do Estatuto dos Povos Indígenas, retirada de tramitação da PEC 215 e a revisão do posicionamento da presidente Dilma Rousseff de submeter à aprovação do Ministério de Minas e Energia todos os processos de regularização fundiária de terras indígenas antes da expedição do decreto homologatório.

"Mas também criamos as nossas pautas com reclamações segundo as nossas necessidades de trabalho. São elas: a estruturação das Coordenações Técnicas Locais (CTLs), funcionamento da Coordenação Regional de Boa Vista e Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami e Y'ekuana em prédio que ofereça condições de trabalho, falta de estrutura física e concurso para mais servidores, já que foram ampliados 3.100 cargos novos, sendo que só foram selecionados e contratados 600 servidores", complementou.

Outros órgãos ainda estão em greve

A Universidade Federal de Roraima (UFRR) continua a greve. Conforme o histórico de greve, em agosto do ano passado o Governo Federal e o Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior (Andes-SN) firmaram um acordo que previa a criação de um Grupo de Trabalho (GT) para discutir a carreira. Em março deste ano, o GT foi encerrado, com pouco avanço, resultando no mês de abril em várias rodadas de assembleias para discutir a possibilidade de greve. A ideia era pressionar o governo a atender as reivindicações;

Em maio, as instituições iniciaram a deflagração de greves em todo o país, quando os professores da UFRR também aderiram no dia 17, data em que criaram o Comando Local de Greve, grupo responsável por gerir as demandas da paralisação.

Hoje, das 59 universidades no Brasil, 56 estão em greve, somando mais de 40 dias paralisados. A última instituição a aderir foi a Universidade Federal de Pelotas (Ufpel). Além disso, 36 dos 38 institutos e centros federais paralisaram as atividades, totalizando quase 95% de instituições federais de ensino em greve no País.

Outro órgão que aderiu a paralisação foi a Eletrobras Distribuição Roraima, todavia os serviços da empresa não foram afetados. Todas as instalações estão operando dentro da normalidade, portanto o suprimento de energia elétrica será mantido de modo a evitar qualquer prejuízo à população.

A empresa disse que entende que o movimento de greve é um direito dos servidores e espera que os mesmos exerçam seus direitos e, ao mesmo tempo, cumpram seus deveres mantendo os serviços essenciais, conforme prevê a lei.

Em relação às reivindicações dos trabalhadores, incluindo a de reajuste salarial, a Eletrobras informou que o processo de negociação do Acordo Coletivo continua em aberto, tanto que, no próximo dia 11, ocorrerá, conforme negociado entre as partes, a quarta rodada de negociação.

A Eletrobras diz que não vê justificativa para o movimento paredista, já que o processo de negociação ainda encontra-se em curso e ainda "considerando principalmente este importante e histórico momento em que a empresa vem revertendo e melhorando os seus resultados".

Embrapa interrompe greve

A greve dos empregados da Embrapa está temporariamente suspensa. Haverá nova paralisação nesta quinta-feira, 05, para pressionar o governo a convocar a direção da empresas a colocar uma nova proposta para fechamento do acordo coletivo de trabalho.

O presidente do Sinpaf, Vicente Almeida, quer ampliar a negociação com a Embrapa nos itens considerados prioritários pelos trabalhadores para a conclusão do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2012-2013. O pedido foi formulado na terça-feira diretamente ao presidente da empresa, Pedro Arraes, após consulta às seções sindicais em todo o país, realizadas nos últimos dois dias.

A ideia é que a Embrapa mantenha a comissão de negociação, discutindo especificamente os pontos selecionados. "A categoria não abre mão das conquistas já alcançadas, por isso queremos ampliar o debate, o processo de negociação, visando chegar a um acordo favorável aos trabalhadores", explicou Vicente.

Na carta enviada ao presidente da Embrapa, o Sinpaf elenca apenas 16 das 113 cláusulas previstas no ACT. São itens ainda não pactuados entre sindicato e empresa, como a liberação em dia de pagamento (41ª), auxílio creche, pré-escola e babá (27ª), programa de saúde (22ª), reajuste salarial (4ª), entre outros.

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