VOLTAR

Sertanista defende direitos dos povos

A Crítica-Manaus-AM
09 de Out de 2002

"A humanidade perde parte de sua face toda vez que um povo desconhecido entra em contato com o nosso mundo", afirma o sertanista Sydney Possuelo. "Muitos defendem negros, mulheres e até índios aculturados, mas ninguém fala nos direitos humanos dos povos isolados." A Amazônia é um drama real para esse filho de ator de teatro e circo que tomou gosto pela aventura antes de se entregar à causa indígena, na adolescência, quando acompanhou o pai em uma viagem pelo Nordeste.

Aos 17 anos, Possuelo resolveu bater à porta do sertanista Orlando Villas-Boas, que ele via em fotos sensacionais estampadas na revista "O Cruzeiro". Um dia foi atendido. Após passar pelo Exército e por vários empregos em São Paulo, passou a viajar com Villas-Boas. Ganhou o apelido de "Xingu" e não largou mais o indigenismo. Agora, aos 62 anos, ele teve de usar a experiência de mais de três décadas no mato para conseguir a proeza de atravessar o grupo das cabeceiras do Itaquaí às águas do Jutaí.

Homem exigente e de temperamento tenso, muitas vezes suas orientações não eram entendidas pelos índios e mateiros experientes. Foi o que ocorreu, por exemplo, quando os homens chegaram ao local em que o Jutaí apresentava condições de navegação e ele não quis que continuassem o trajeto de barco, mas a pé.

Após 20 dias seguidos de caminhada, o líder não dava ordens para os homens montarem estaleiros e descerem o rio de canoas. Eles só foram entender a necessidade de continuar andando ao ver, mais à frente, sinais da presença de índios isolados. Possuelo não andava tanto desde o contato com os araras, no Pará, entre os anos 70 e 80, e sabe que vai ser difícil evitar novas tentativas. "O problema é que o coração não envelhece como as pernas."

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.