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Serra no Pará promete asfaltar Transamazônica

O Liberal - www.orm.com.br
Autor: Carolina Menezes
15 de Set de 2010

O candidato tucano à Presidência da República, José Serra, desembarcou às 14h29 em Belém, onde foi recebido por militantes e políticos - dentre eles, o senador Mário Couto, e os candidatos Simão Jatene (Governo do Estado), Flexa Ribeiro (Senado) e Zenaldo Coutinho (Câmara Federal, com quem ficou reunido por meia hora. Depois, pegou novamente o jatinho que lhe trouxera e partiu, ao lado do ex-governador Simão Jatene, candidato ao governo pelo PSDB, para Altamira, onde participou de comício e carreata pela parte da noite.

Antes, em pouco mais de 20 minutos de entrevista, Serra falou de seus planos de governo, criticou a administração federal e governamental atuais. Sobre o comentário do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que anunciou recentemente entender que o partido Democratas (DEM) deveria ser 'extirpado', não se pronunciou. Também se negou a falar sobre a quebra do sigilo fiscal por servidores da Receita Federal de membros da oposição. Sobre a denúncia de tráfico de influências envolvendo a chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, limitou-se a declarar que 'as coisas estão aí acontecendo e eu não posso virar cronista disso. 'Vâmo' acompanhando, eu já disse que é algo grave (referindo-se à denúncia)'. Na entrevista, ele anunciou que pretende asfaltar a rodovia Transamazônica e investir mais na saúde.

'Vou fazer o programa Operação Saúde e deixar hospitais reformados e equipados para que eles possam ampliar seu atendimento, e vamos reforçar a rede hospitalar de maior complexidade em Belém. Esta ação é fundamental em Belém, no Pará, em toda a região Norte, e eu estou preparado para isso. Lembro, inclusive que, enquanto Ministro da Saúde, fizemos grande investimento no Hospital das Clínicas, aqui, criando uma nova etapa de atendimento. Nos últimos anos, a saúde andou para trás porque o Governo Federal tirou o time da saúde, e por aqui o mesmo aconteceu, por erros da administração governamental'.

TRANSAMAZÔNICA

'Vamos de fato fazer o asfaltamento da Transamazônica. Jatene e Flexa me disseram que percorreram há pouco tempo 400 quilômetros de estrada por lá e não viram nenhuma máquina trabalhando. Vamos asfaltar também a Cuiabá-Santarém, que é rodovia fundamental, construir o aeroporto de Santarém, uma cidade de tanta importância que, até agora, não tem um aeroporto. O investimento também vai para a Hidrovia do Tocantins, esse sistema tem que ser desevolvido, inclusive, não só no Pará, mas também no Amazonas e em toda a região Norte. É um sistema que traz a enorme vantagem do baixo custo e não agride ao meio ambiente, já que não envolve derrubada de florestas. Mesmo com essas vantagens que eu falei, o sistema hidroviário permanece antigo, insuficiente. Muito pouco foi feito nessa área'.

'Altamira é o maior município do Brasil e está no centro da Amazônia. Por isso mesmo, merecia uma Transamazônca bem feita, bem pavimentada, com boas estradas que possibilitassem o desenvolvimento do país. É um município com muito potencial e muitos problemas, simbólico para todo o Brasil. Nas minhas vindas ao Pará, sempre venho a Belém. Dessa vez, vou para lá'.

INFRAESTRUTURA

'Sem crescimento, quem tiver emprego, pode perder. Quem não tem, não vai conseguir. O que queremos é manter o crescimento do País, e eu sei como fazer isso. Sou economista, fiz muita política econômica'. 'A região Norte não pode ficar só como aquela que exporta. Minério sai daqui para a China e volta aço para o Brasil! Temos que ter mais pesquisa, mais ciência aplicada para que possa haver mais geração de emprego. O Pará precisa e nós vamos criar aqui uma siderúrgica, vocês não tenham dúvida disso. Vamos criar também um Centro de Biotecnologia. Recebi há pouco um barco de uma madeira leve, o miriti, que me parece o alumínio das madeiras, porque é levissima, eu nunca tinha visto. De repente, pode servir aos processos de industrialização como isolante térmico, de alguma forma. Temos que fazer aqui um Centro de Pesquisas adulto, grande, que mobilize potencial científico do país inteiro. Posso garantir que, com isso, vai ter muita gente do sul e sudeste querendo se fixar aqui para aprender, pesquisar e formar novos pesquisadores'. 'O Brasil nunca vai se desenvolver se não desenvolver todas as suas regiões junto. Se uma fica pra trás, ela puxa também o Brasil para trás'.

'Ao contrário do que se diz, o saneamento no Brasil parou. Enquanto ministro da Saúde, eu investi R$ 2,5 bi em saneamento em lugares de menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). Nada de financiamento, os municípios não têm como emprestar dinheiro pra isso. Junto com governadores, prefeitos e senadores, podemos definir prioridades pelo IDH: quanto mais baixo, manior o investimento. Vivemos num país com 12 milhões de pessoas sem água em casa e 32 milhões sem coleta de esgoto. Trabalhei dessa maneira na prefeitura e no Governo de São Paulo, e nós avançamos muito nesse sentido. Políticos, em geral, não gostam de lidar com isso, é um assunto enterrado. Mas é preciso ter visão social do Brasil. Ausência de saneamento é ligada à questão da mortalidade infantil, e temos índices elevados em relação a isso ainda aqui na região'.

BELO MONTE

'Não tenho oposição a Belo Monte, quero fazê-la bem feita. Ela já começou com três problemas: financeiro, ambiental e social. Não começou bem. Vou tocar e resolver com calma, deixando de lado toda a natureza publicitária, e focando na energia limpa que o Brasil precisa. Lembro que no início do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso não havia energia elétrica aqui gerada por hidrelétrica, nós que começamos a implantar. Logo aqui, no lugar onde mais tem água no mundo, é uma contradição. É possível, sim, basta fazer o dever de casa bem feito. Fiz a Rodoanel em São Paulo, a maior obra viária da América Latina, em três anos. Ela começou com enormes problemas ambientais e o governo do Estado chiou muito na época em que eu era prefeito. Como governador, fiz, gastei R$ 500 milhões só em questões ambientais e ninguém deu um pio. Pode ter custado mais caro na hora, mas a longo e médio prazo, o investimento acabou custando menos'.

'É perfeitamente possível compatibilizar desenvolvimento e meio ambiente. Se não há desenvolvimento, não há como segurar o meio ambiente, essa é a realidade. Eu vou criar aqui no Pará um grande Centro de Biotecnologia, coisa que não há por aqui, é algo caro e que atrai pesquisadores do país inteiro. O Brasil tem mais ou menos 10% de toda a sua biodiversidade só na Amazônia. As indústrias que lidam com isso vendem 500 bilhões de dólares por ano em biodiversidade e o nosso país não leva nem 1% disso'.

Lula vai anunciar investimentos na rodovia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva só chega em Belém na quinta-feira, 16, mas hoje, a partir das 15h, a Secretaria de Imprensa da presidência faz entrevista coletiva no auditório do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), para tratar da agênda do petista em Belém. Lula, antes de fazer campanha para a atual governadora e candidata à reeleição pelo mesmo partido, Ana Júlia Carepa, participa da cerimônia de publicação de editais para obras de conservação, recuperação, manutenção e pavimentação de 1.147 quilômetros das rodovias BR-153, 158, 163, 222, 308, 316 e 230 (Transamazônica), todas no Pará.

O presidente também assina ordem de início de lote da BR-230, também pertencente ao Pará. Participa da coletiva o superintendente do Dnit no Pará e Amapá, Mauro Ernesto Campos Lima. Depois desse primeiro compromisso, a partir das 19h, Lula sobe em palanque com Ana Júlia na avenida Pedro Miranda, esquina com a travessa Alferes Costa, no bairro da Pedreira, em Belém.

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