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Seminário de Pesquisa reúne especialistas no Amazonas

Envolverde - www.envolverde.ig.com.br
07 de Jul de 2008

A hipótese de que o ambiente de várzea - ou floresta alagada, característica da Amazônia brasileira - tem papel fundamental para a sobrevivência e reprodução do maior felino das Américas - a onça-pintada (Panthera onca) - fica mais evidente com a pesquisa que estuda, entre outros aspectos, a densidade populacional da espécie em uma área da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (de 1,12 milhão de hectares e formada inteiramente por várzea).

Esse estudo será apresentado no V Seminário Anual de Pesquisa (SAP), realizado nos próximos dias 8, 9 e 10 de julho pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), em Tefé (AM), e vai ao encontro da geração de mais informações sobre a onça-pintada, cujo conhecimento sobre a ecologia no bioma amazônico ainda é limitado. Essa espécie tem papel importante na manutenção da estrutura e no funcionamento dos ecossistemas em que habita e onde é o predador do topo da cadeia alimentar. A sua presença é uma boa indicação da saúde daquele ambiente.

Ao lado dessa pesquisa, outras 44 foram submetidas a essa edição do SAP. As apresentações orais sobre esses temas serão agrupadas em tópicos gerais segundo a área de interesse e, além das palestras, também será montada uma jornada de pôsteres, mostrando estudos não enfocados oralmente. O objetivo do Seminário é apresentar os últimos resultados e as informações científicas gerados nos últimos 12 meses pelos projetos de pesquisa executados ou concluídos por pesquisadores do Instituto ou de entidades parceiras. Além da presença de especialistas do IDSM e dos associados, também foram convidados pesquisadores de órgãos governamentais e de outros institutos de pesquisa.

Os destaques da programação do V SAP ficam por conta do lançamento de duas publicações, editadas pelo IDSM: "Anatomia e morfologia de plantas aquáticas da Amazônia utilizadas como potencial alimento por peixe-boi amazônico", de autoria de Michelle Gil Guterres, Miriam Marmontel, Daniel Martins Ayub, Rosana Farias Singer e Rodrigo B. Singer, e "Biologia, Conservação e Manejo dos Aruanãs na Amazônia Brasileira" com 10 capítulos de 14 diferentes autores, organizado por Helder L. Queiroz, diretor técnico-científico do IDSM, e Maurício Camargo.

Além do lançamento dos livros, também serão apresentados quatro documentários. Dois deles - "Jovens, Tefé, Am" e "Mulheres de Mamirauá"- são dos cineastas Fernando Segtowick e Jorane Castro e foram realizados em Tefé e nas Reservas de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Amanã, co-geridas pelo IDSM. Essas duas unidades de conservação também são o cenário dos outros dois filmes que serão apresentados: "Manejo comunitário de pirarucu: a experiência de Mamirauá" e "Acordo de Pesca Pantaleão", que abordam duas experiências com resultados positivos, coordenadas pelo Programa de Manejo de Pesca do Instituto Mamirauá, realizador dos documentários.

Sobre o IDSM. O Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá é uma Organização Social (OS), supervisionada pelo Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT). Criado em 1999, sua missão é promover a conservação da biodiversidade mediante o manejo participativo e sustentável de recursos naturais. É co-gestor das Reservas de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Amanã. Tem o apoio do governo do Estado do Amazonas, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), da Petrobras, do Wildlife Conservation Society/Fundação Gordon Moore, do programa inglês Darwin Initiative, do Zoological Society of London (ZSL), entre outras.

Manual é elaborado com base em conhecimentos popular e científico
Obra aborda dieta alimentar do peixe-boi amazônico

Ainda se sabe pouco sobre o peixe-boi amazônico (Trichechus inunguis), espécie de mamífero aquático ameaçado de extinção. O animal tem sua história marcada por abates massivos e indiscrimados, episódios que o levaram não só à lista de espécies brasileiras em extinção, mas também à proteção legal. No entanto, apesar de protegido por lei, o peixe-boi ainda é alvo da caça de subsistência.

Pelo desconhecimento da espécie, bem como a ameaça que sofre, toda informação sobre o animal e que contribua para sua conservação é bem-vinda. Nesse sentido, o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, com o patrocínio da Petrobras, através do Programa Petrobras Ambiental, está lançando o manual "Anatomia e morfologia de plantas aquáticas da Amazônia utilizadas como potencial alimento por peixe-boi amazônico". Resultado de seis anos de pesquisa, o livro é um exemplo da conciliação entre o conhecimento científico e saber tradicional dos moradores das Reservas de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Amanã - áreas em que a pesquisa que baseia o livro foi realizada. Com base no conhecimento de moradores dessas duas unidades de conservação, foram selecionadas 69 espécies vegetais da Amazônia, de potencial alimento para o peixe-boi.

O Manual representa um aumento de mais de 100% no número de espécies de plantas aquáticas ou semi-aquáticas da região amazônica descritas, até o momento, na literatura. Assim, embora focada na dieta alimentar do peixe-boi, a obra possui uma abrangência maior e poderá ser usada por grupos de pesquisa que se dedicam a outros animais aquáticos ou mesmo por aqueles interessados em plantas do Amazonas.

O peixe-boi amazônico, ao contrário do marinho, não se deixa observar em momentos de alimentação, principalmente por seu comportamento arredio. A turbidez de grande parte dos rios amazônicos é outro obstáculo para a observação do animal. Assim, os autores do Manual, além de basearem sua pesquisa no saber dos moradores das Reservas, recorreram também a métodos alternativos: as observações de comedias (bancos de plantas aquáticas com indícios de consumo e mastigação do peixe-boi) e a análise de fezes dos animais, encontradas flutuando nos cursos dágua da região.
Os autores são os pesquisadores Daniel Martins Ayub, Michelle Gil Guterres, Miriam Marmontel, Rodrigo Bustos Singer e Rosana Farias Singer.

O estudo sobre os hábitos alimentares do animal nas Reservas Mamirauá e Amanã - ambientes que contemplam floresta alagada e terra firme e águas branca e preta, hábitat da espécie - foi iniciado a partir do trabalho desenvolvido pelo Projeto Peixe-Boi Amazônico, do Grupo de Pesquisas em Mamíferos Aquáticos Amazônicos (GPMAA) do IDSM, ao qual pertence Michelle Guterres e cuja coordenação é de Miriam Marmontel. Por meio da interação com os moradores da região, o Projeto desenvolve pesquisas sobre a ecologia e a biologia de mamíferos aquáticos, com o objetivo de contribuir com a conservação da biodiversidade e com o manejo participativo e sustentável do ecossistema amazônico.

A tiragem inicial do Manual é dois mil exemplares, que serão distribuídos para universidades e instituições de pesquisa brasileiras e de outros países. A obra estará disponível para venda na loja Mamirauá, localizada no aeroporto de Manaus (AM). Os interessados podem entrar em contato pelo e-mail mamiraua@mamiraua.org.br .

Livro incentiva manejo de aruanãs
Alevinos da espécie são alvo de contrabando ilegal

O manejo do peixe aruanã-branco (Osteoglossum bicirrhosum) é uma forma de solucionar um grave problema que atinge a espécie: a invasão do território nacional por contrabandistas que exportam ilegalmente os alevinos a partir da Colômbia. Essa proposta é apresentada no livro "Biologia, Conservação e Manejo dos Aruanãs na Amazônia Brasileira", organizado por Helder Lima Queiroz, diretor técnico-científico do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), e por Maurício Camargo, que será lançado no dia 8 de junho, segunda-feira, primeiro dia do V Seminário Anual de Pesquisa (SAP), evento de difusão científica que reúne pesquisadores anualmente na sede do IDSM, em Tefé (AM).
O livro incentiva intensamente o manejo de pesca da espécie, tanto para fins de consumo como ornamental, solução que se apresenta para o contrabando de alevinos. Essa atividade ilegal é combatida pelas autoridades brasileiras e está associada a outras ações igualmente ilegais, que ocorrem na região da tríplice fronteira (Brasil, Colômbia e Peru), explica Helder Queiroz.

A publicação reúne artigos de 14 autores. O primeiro capítulo, de autoria de Álvaro Carvalho de Lima e Gregory Prang, pontua a preocupação sobre o uso indevido e ilegal da espécie na região leste da Amazônia Brasileira (ao longo do médio e alto cursos do rio Solimões e médio e baixo cursos do rio Japurá). "Os autores concluem pela demanda de manejo da espécie na região para fins alimentares e ornamentais, com adequação da legislação e regulamentação correntes, e com o possível estabelecimento de cotas de captura, a exemplo do manejo de pirarucus desenvolvido na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no Amazonas", observa Queiroz.
O livro é resultado de uma oficina realizada em 2007 pelo IDSM, que reuniu um conjunto de projetos de pesquisa iniciados há aproximadamente dez anos na Reserva Mamirauá e de outros estudos similares realizados em pontos próximos ou na bacia do Rio Negro, incluindo pesquisas sobre aruanãs pretos (Osteoglossum bicirrhosum). Essa iniciativa teve como objetivo revisar o conhecimento disponível sobre estes animais, subsidiando especialistas e autoridades ambientais na busca de um quadro regulador mais equilibrado e eficaz para a sua exploração.

Os aruanãs brancos são objeto de interesse de pesquisadores e empresários porque constituem uma espécie fascinante: têm aspecto incomum e grande importância ecológica e econômica na Amazônia Brasileira e em alguns países vizinhos. Um fato curioso sobre esses animais é que as fêmeas protegem os óvulos fecundados dentro da boca durante aproximadamente 45 dias, até sua eclosão; depois do nascimento dos alevinos, é a vez do pai, que os defende da ação de predadores colocando-os na boca na hora do perigo. A morte do macho adulto faz parte do método de captura ilegal dos alevinos e também é outro problema que pode ser solucionado com o desenvolvimento de um método seguro para sua captura e que pode ser proporcionado por manejo.

O livro, editado com patrocínio do Programa Petrobras Ambiental, da Petrobras, será distribuído a bibliotecas, institutos de pesquisa, organizações governamentais e não-governamentais que atuam na área de socioambientalismo.

Sobre o IDSM. O Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá é uma Organização Social (OS), supervisionada pelo Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT). Criado em 1999, sua missão é promover a conservação da biodiversidade mediante o manejo participativo e sustentável de recursos naturais. É co-gestor das Reservas de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Amanã. Tem o apoio do governo do Estado do Amazonas, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), da Petrobras, do Wildlife Conservation Society/Fundação Gordon Moore, do programa inglês Darwin Initiative, do Zoological Society of London (ZSL), entre outras.

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