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Sem hidrovias não dá

Gazeta de Cuiabá-Cuiabá-MT
Autor: Alfredo da Mota Menezes
30 de Jan de 2003

A "Folha de S. Paulo" publicou na coluna Painel a seguinte informação: "Três projetos de hidrovias previstos no programa Avança Brasil do governo FHC estão com os dias contados no governo Lula, se depender da vontade do Ministério do Meio Ambiente, a Araguaia-Tocantins, Paraguai-Paraná e Teles Pires-Tapajós".

Todas são em Mato Grosso. Estamos enrascados. Sem esse meio de transporte o desenvolvimento do Estado empaca. O nosso grande problema é como escoar a produção a baixo custo. Estamos geograficamente longe dos grandes centros consumidores e do litoral. Sem meios de transportes adequados nunca seremos competitivos.

Temos solo, chuva, incidência de sol e tudo o necessário para a produção no campo. Com a chegada da energia elétrica temos condições também de industrializar certos produtos para vender fora. Mas nada disso vale se não tivermos meios para transportar a produção por custos menores. Essa é a realidade concreta dos fatos.

Sem meios de transportes adequados fica difícil acreditar que vamos duplicar ou triplicar a produção agrícola no Estado. Fala-se que o grande capital no campo ainda não veio para Mato Grosso. E ele não virá se não vislumbrar meios seguros de transporte de bens de forma mais barata. Esse é o nosso grande "defeito", aliás, o único nesse tipo de atividade.

E agora vem a notícia de que os projetos hidroviários podem ser interrompidos. Se for verdade, se não houver meio para mudar essa iniciativa, o desenvolvimento de Mato Grosso chegará a um determinado ponto e não vai passar daí.

Ah, mas as rodovias 163 e 158 resolverão a situação. Ajudam, mas são transportes por terra, por longas distâncias, com custos elevados, principalmente se comparados com as hidrovias. A ferrovia é uma alternativa, mas tem limites. Ela preenche um lado geográfico do Estado, não o todo. Dizem os entendidos que ela ajuda o desenvolvimento num raio de 300 a 400 km de distância dela. A partir daí não. O Estado é enorme, com produção em pontos os mais diferentes.

A hidrovia Madeira-Amazonas, já em funcionamento, é uma das alternativas do momento e cobre um determinado lado do Estado, lá pelo Chapadão dos Parecis. As hidrovias citadas acima cobrem outras regiões. Uma para o Nortão, outra para o Mercosul e uma para o Araguaia. Se olharmos bem, todas elas juntas cobririam o Estado todo.

Está aí uma briga danada por causa de cargos federais. No meu ponto de vista só existe um que serviria a Mato Grosso agora. É o de diretor do sistema hidroviário nacional do Ministério dos Transportes. Ele é o contraponto aos desejos do Ministério do Meio Ambiente. Luta-se por cargos mixurucas e ninguém articula esse.

O PL estadual, em articulação com o governador, poderia tentar emplacar um nome de peso naquela diretoria. O ministro dos Transportes é do partido. Mas aqui no Estado, indicam os fatos, o atual governador e os dirigentes daquela sigla andam de cara torcida um para o outro. Esse tipo de birra em política é um atraso.

Aquela função é tão importante para o Estado que um engenheiro dali, certo tempo atrás, me disse que ela praticamente só tratava das hidrovias de Mato Grosso. Não havia outros projetos nacionais. Acho que continua a mesma coisa agora. Se o Ministério do Meio Ambiente conseguir emperrá-los seria melhor até acabar com aquele setor do Ministério dos Transportes.

O futuro econômico do Estado passa por aquelas três hidrovias. Deveríamos encontrar um meio inteligente de viabilizá-las sem destruir o meio ambiente. O assunto tem que ser debatido com a sociedade. E alguém tem que puxar o carro. É bom ficar de olho nos passos dessa dança e na atuação de pessoas e interesses.

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