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Sem chuva, volume morto de represas do Rio só dura 250 dias

OESP, Metrópole, p. A13
28 de Jan de 2015

Sem chuva, volume morto de represas do Rio só dura 250

Felipe Werneck - O Estado de S. Paulo

RIO - Se não chover o suficiente para encher parte dos reservatórios, os 2,95 trilhões de litros acumulados de volume morto das quatro represas que abastecem a região metropolitana do Rio de Janeiro só duram até outubro, avaliam técnicos do setor hídrico ouvidos pelo Estado.
Na segunda-feira, 26, depois que o segundo reservatório da bacia do Rio Paraíba do Sul atingiu o volume morto, a Agência Nacional de Águas (ANA) informou, em nota oficial, que "o mesmo deve ocorrer no próximos dias nos demais reservatórios". Essas duas represas, de Jaguari e Funil, operavam nesta terça-feira, 27, com apenas 1,72% e 3,77% da capacidade do volume útil, respectivamente.
"Se não chover e for mantida a vazão mínima atual de 140m³/s na Estação Elevatória de Santa Cecília, temos mais 250 dias", afirmou o coordenador do Instituto de Mudanças Globais da Coppe/UFRJ, Marcos Freitas, referindo-se aos volumes mortos dos quatro reservatórios. Ele ressalvou, porém, que ainda não se sabe a quantidade total que poderá ser aproveitada dessas reservas técnicas. A maior delas é a de Paraibuna, que acumula 2,1 trilhões de litros, seguida por Jaguari (443 bilhões de litros), Funil (282 bilhões de litros) e Santa Branca (131 bilhões de litros).
Ex-diretor da ANA no período 2001-2004, Freitas avalia que o racionamento deveria ser adotado "o quanto antes" no Estado do Rio. "Os governos foram adiando, por causa da eleição, mas um racionamento é muito melhor do que um corte brusco, que será necessário se o cenário atual se mantiver. Acho que deveria ter. Minas já esta fazendo. É muito melhor deixar de tomar dois banhos do que não tomar nenhum."
Mudança de hábitos. O professor diz que campanhas para redução do consumo de água precisa entrar na agenda, aproveitando a crise para mudar hábitos. Ele também defende descontos para quem consome menos e sobretaxas para quem consome mais. O governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), porém, continua afirmando que tanto o racionamento como uma mudança no modelo de cobrança não são necessários. Freitas também defendeu mais investimentos na despoluição dos rios e redução das perdas no sistema de abastecimento, que chegam a quase 40%. "Não dá mais para ficar usando água para diluir esgoto", disse ele.
A vice-presidente do Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (Ceivap), Vera Lúcia Teixeira, concorda com a avaliação de que os volumes mortos acabam antes do fim do ano se a estiagem for mantida. "O ministro de Minas e Energia disse que Deus é brasileiro e vai mandar chuva, mas quem manda chuva são as florestas, é um processo. Deveríamos aproveitar a crise para começar a resolver questões como o saneamento dos rios e o reflorestamento da bacia, que está devastada", disse Vera.
Ela também defende o racionamento. "Já passou da hora de entrarmos em processo de racionamento. A população precisa saber o que está acontecendo e ser estimulada a economizar. O volume morto dos quatro grandes reservatórios é uma reserva estratégica que só deveria ser usada em último caso. Não dá para usar sem achar que isso não vai ter consequência no futuro."
Segundo Vera, o reservatório da represa de Ribeirão das Lajes, em Piraí, apontada pelo governo como opção em caso de emergência, abasteceria a capital por apenas uma semana.

OESP, 28/01/2015, Metrópole, p. A13

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