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20 de Abr de 2010
Diferente de sua primeira visita, há sete meses, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não enfrentou protestos por parte da classe produtora de Roraima, ou ainda de outros manifestantes, em sua chegada a Pacaraima, no final da manhã de ontem. O clima na cidade esteve tranquilo durante todo o final de semana, segundo fontes consultadas pela Folha, e não houve sequer a mobilização de curiosos próximos ao quartel do Exército onde o presidente pousou antes de seguir para a comunidade indígena de Maturuca.
O deputado Márcio Junqueira (DEM), que na visita anterior do presidente a Roraima, ajudou a liderar os protestos de produtores nas proximidades do aeroporto internacional de Boa Vista, disse que a mudança na agenda de Lula, que resolveu pousar em Pacaraima e não na capital, foi o motivo principal para a desistência da realização do protesto. "A princípio tínhamos entendido de fazer um protesto em Boa Vista, mas ele foi para Pacaraima, achamos que seria inócuo. Não teria a ressonância que gostaríamos que tivesse", comentou.
Em pronunciamento na tarde de ontem, na Câmara Federal, ele afirmou que o presidente teria ido a Raposa Serra do Sol prestigiar não as comunidades indígenas, mas uma ONG (organização não-governamental). Ainda segundo o deputado, Lula teria feito "uma farta distribuição de cestas básicas, de churrasco", mas teria excluído comunidades sem ligação com o Conselho Indígena de Roraima (CIR). "Como pode o Lula, um homem que se diz estadista, chegar ao meu estado pela porta dos fundos, por não ter condições de olhar nos olhos dos roraimenses, pousou em Pacaraima, escondido. Sabia que estava indo ali tão somente para dar satisfação às grandes nações, para dizer que não havia problema em entregar o Brasil, para dizer que já havia demarcado aquela terra há um ano. Hoje, um ano depois, voltou lá para dizer que estava entregue", reforçou.
Junqueira denunciou a falta de projetos para o desenvolvimento da área indígena Raposa Serra do Sol e disse que na região faltam comida, energia, estrada e escolas e sobram doenças como o beribéri. "São mais de 60 casos de beribéri na Raposa Serra do Sol. O que o presidente Lula veio festejar aqui? Miséria? Fome? Falta de estrada? Falta de energia? Falta de escola? Não sou eu quem estou dizendo; são os índios da Sodiur, das etnias macuxi, wapixana e taurepang", salientou. (E.P.R.)
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