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Secretário do Índio afirma que maioria indígena defende demarcação em ilhas

Brasil Norte-Boa Vista-RR
10 de Jun de 2003

O secretário de Estado do Índio, o indígena e antropólogo Orlando de Oliveira Justino, disse que a demarcação na área Raposa/Serra do Sol não pode ser em área continua porque fere os princípio democrático do direito de ir vir, acatado na Constituição Federal. Para ele, a grande maioria dos índios e não-índios que moram na extensão da Raposa e Serra do Sol, não querem a demarcação contínua porque tudo que existe dentro da área como: escolas, postos médicos, energia, água encanada e estradas, foram implantados pelo Governo do Estado ou município.

Com a demarcação contínua, reclama o secretário, "vamos ficar isolados do Estado e do Município e isto é péssimo para as comunidades e retrogrado para Roraima e o Brasil. Isolar um povo é condená-lo ao esquecimento e agride os nossos costumes e tradições", frisa Justino. O antropólogo que nasceu na Raposa e lá estudou não aceita de forma alguma em pleno século XXI que pequenos grupos de índios, comandados por pessoas alheias à região possam determinar os destinos da grande maioria que absorveu alguns costumes dos não-índios e nem por isso deixaram de ser índios. Orlando disse que à minoria que prega o isolamento sempre que está sozinha têm posição contrária e querem a área descontínua.

O professor Jonas Marcolino Tuxaua da comunidade do Contão e o Tuxaua Davi Napoleão da comunidade Napoleão, regiões dentro da área em questão, comungam do mesmo pensamento de Orlando e acrescentam que o governo foi, é, e sempre será, o grande aliado dos índios, principalmente aqueles que estão mais distantes do poder executivo que precisam ser mais assistidos. "Temos exemplos claros de que o isolamento não é bom. É só verificar as condições em que se encontram os irmãos yanomami e os que vivem na área de São Marcos - é só pobreza e isolamento", acrescenta Jonas.

Orlando desde que assumiu a secretaria estadual do índio prega o diálogo como forma de compreender melhor os anseios dos indígenas, pois sempre que se projeta um programa a comunidade a ser assistida é ouvida. Desta ouvidoria se extrai um diagnóstico das potencialidades da comunidade e daí se programa que tipo de atividade pode ser ali desenvolvida.

Peixe e Abelha
Na Secretaria do índio, Orlando relata que a procura por ações do governo é enorme desde aquisição de um veículo para transportar palhas a pedidos de implantação de energia e água tratada nas comunidades principalmente, àquelas que dizem ser contrárias à demarcação em ilhas. "A nossa secretaria está sempre aberta para atender qualquer comunidade tenha ela a posição política que tiver", comenta.

O secretario do Índio alerta que se a Raposa já estivesse demarcada em área contínua sem respeitar as vilas, áreas produtivas e estradas, não haveria condições de se implantar ali o projeto de piscicultura intensiva em gaiolas que está por via de ser materializado, numa parceria entre secretaria do índio, agricultura. São 60 tanques (gaiolas) que comportam 15 mil alevinos que serão implantados na região com capacidade de produção em um ano de 45 toneladas de pescado. Segundo técnicos da Seaab em um ano os peixes devem atingir de 2 a 3 quilos que poderão alimentar a comunidade da Raposa e vender o excedente.

Bode e carneiro
A apicultura também é uma atividade que esta para ser implantada nas localidades indígenas com potencial para este fim. Orlando destaca que dentre outros, existe um projeto de criação de caprinos e ovinos que podem ser implantados ainda este ano, que prevê a criação de carneiros e bodes em escala extensiva. "A nossa região e muitas outras ao norte do Estado é propícia à criação de ovinos e caprinos que fazem parte das atividades econômicas desenvolvidas dentro das metas estabelecidas pelo Governo do Estado. A demarcação em área contínua impede todas essas ações e agride brutalmente as pessoas que de uma forma ou de outra precisam do Estado como parceiro e gestor da coisa pública", finaliza Orlando.

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