VOLTAR

Secretário da ONU apóia proposta do País em Bali

OESP, Vida, p. A18
03 de Dez de 2007

Secretário da ONU apóia proposta do País em Bali
De Boer diz que redução de desmatamento tem de entrar na conta de ações contra o aquecimento

Cristina Amorim

O secretário-executivo da Convenção do Clima, Yvo de Boer, disse ontem que a redução do desmatamento precisa entrar na conta de ações de controle do aquecimento global, mas expressou dúvidas sobre se a questão será resolvida a tempo de integrar o próximo regime de ações globais, a partir de 2013. "Existem muitos conceitos confusos. Por exemplo, pessoas que colocam desmatamento e uso sustentável da floresta no mesmo pacote, quando não são a mesma coisa", disse ontem, em Bali, onde hoje começa a 13ª Conferência do Clima (COP-13).

O Brasil apresentará na reunião uma proposta de inclusão do combate ao desmatamento - com a ajuda financeira de países desenvolvidos - como ação de mitigação, mensurável e passível de ser reportada ao secretariado da convenção. É uma forma de o País apresentar um comprometimento maior com a questão do que tem feito até agora, uma vez que não aceita metas de corte de emissão de gases-estufa. O desmatamento e as queimadas são a principal fonte de emissão nacional, cerca de 75%.

"As emissões provenientes do desmatamento global contribuem com até 20% do problema, dependendo da conta, então precisamos levá-las em consideração. Como vamos fazer isso é que precisa ser debatido", disse De Boer. "Há dúvidas sobre metodologia, financiamentos, inclusão de mecanismos de mercado, incertezas científicas."

O secretário disse que, um caminho de adiantar uma resolução seria colocar em prática alguns pilotos. O governo brasileiro já discute internamente essa possibilidade. Além do modelo brasileiro, há outros em debate, como o defendido por Costa Rica e Papua Nova Guiné, que liga o combate ao desmatamento com o mercado de carbono. Até agora, as propostas são vistas como opostas, mas De Boer acredita que mais de um modelo pode ser aplicado.

LONGA NEGOCIAÇÃO

O secretário afirmou ontem que os participantes da COP-13 não voltarão para casa com um acordo que substituta o Protocolo de Kyoto na missão de reduzir a emissão de gases-estufa. Contudo, ele reforçou que um caminho deve ser delineado até o fim da próxima semana.

"Precisamos de uma data para as negociações terminarem, o que esperamos que seja 2009. Pela experiência com Kyoto, sabemos que são necessários pelo menos dois anos de negociação, mais alguns para os países ratificarem o acordo, o que esperamos que aconteça até 2012, para que não haja buraco", disse.

O protocolo tem data para terminar: 2012. Ele prevê a redução de 5,2% das emissões globais de gases do efeito estufa, em relação aos índices de 1990, pelos países ricos.

Dados do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) mostram que mais do que isso é necessário para evitar efeitos perigosos do aquecimento global.

"Vejo o Protocolo de Kyoto como o oposto da frase que Neil Armstrong disse sobre a Terra quando pisou na Lua: ele é um grande passo para o homem, mas um pequeno passo para a humanidade", concluiu De Boer.

OESP, 03/12/2007, Vida, p. A18

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.