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Secretaria desenvolve trabalhos para melhor vida dos povos indígenas

Boa Vista News-Boa Vista-RR
01 de Nov de 2005

Povos indígenas ganham em qualidade de vida, com novos projetos

"A Secretaria do Índio tem trabalhado para melhorar a qualidade de vida dos povos indígenas de Roraima", disse o secretário Adriano Nascimento, do povo Macuxi, durante a participação nos festejos das comunidades que comemoram a colheita e o início de execução de projetos auto-sustentáveis. Os festejos vão até dezembro, tempo de verão, propício para festejar a produção.
Com apoio e incentivo do Governo do Estado, Adriano e a equipe de técnicos da secretaria tem participado das festas nas comunidades indígenas, capacitando e acompanhando a elaboração de novos projetos para o ano 2006.

A Secretaria
O secretário Adriano disse: "a Secretaria de Estado do Índio tem por finalidade a inserção das comunidades indígenas ao processo produtivo, garantia de seus espaços vitais para a sobrevivência como individuo e povo e a própria integridade de suas terras, associadas à preservação de seus primários hábitos, tradições e costumes".

Pós-homologação
Adriano falou sobre os objetivos da Secretaria e sobre as novas perspectivas pós-homologação da Terra Indígena Rasposa Serra do Sol. "Nós estamos elaborando e desenvolvendo o Projeto Etnodesenvolvimento da Raposa Serra do Sol".

"A Raposa Serra do Sol é uma região de difícil acesso, onde mora a população indígena mais distante da capital de Boa Vista. As comunidades estão distantes dos projetos do governo e das prefeituras. Queremos ajudá-los a se desenvolver com apoio da secretaria do índio do estado, da Funai e do governo federal".

A Raposa Serra do Sol atinge os municípios de Normandia, Pacaraima e Uiramutã. Em Normandia temos 63 comunidades indígenas, no Uiramutã 76 e em Pacaraima 36".

"As comunidades indígenas estão hoje, numa situação muito difícil, estão muito carentes. Nós precisamos do apoio do governo federal para solucionar as questões mais difíceis. Depois da homologação da Raposa Serra do Sol, recentemente nós tivemos reuniões e encontros para pensar a possibilidade de fazer urgentemente alguns trabalhos.

Chegamos à conclusão de haver pouco recurso para a região, só 2 milhões e meio de reais para mais de 1 milhão e 700 ha de terra. Vamos trabalhar sobre as necessidades acumuladas por muitos anos, em educação e saúde", declarou o secretário.

Os projetos
"Temos vários projetos encaminhados. Temos 10 comunidades que optaram pelas culturas anuais como plantio de mandioca, feijão, milho. Outras comunidades estão fazendo projeto para implantação de piscicultura, viveiros de mudas frutíferas e outros, canalização de água", destaca Adriano.

Adriano comenta: "Porquê canalização de água? Nós indígenas sabemos trabalhar no inverno, aproveitando a água da chuva. Agora nós queremos desenvolver o trabalho de agricultura no verão, fazendo irrigações nas comunidades. A região onde está localizada a Raposa Serra do Sol, sobre as serras, tem muitas águas, muitos igarapés permanentes, dos quais poderíamos aproveitar para fazer irrigação, e aguar muitos tipos de culturas", disse.

A parceria
"Nós na Secretaria do Índio estamos atentos. Embora os tuxauas têm dificuldades, nós temos parcerias para dar apoio às comunidades indígenas, às lideranças, aos presidentes das associações. Nós temos várias associações trabalhando, procurando melhoria de vida para suas comunidades. Temos na Raposa, no Napoleão, no Cantão. O indígena hoje, precisa melhorar a qualidade de vida, a qualidade de alimentação, a qualidade da água para beber. Para acontecer isso nós temos parceiros que vão ajudar a SEI, como a Funai, a Embrapa, a UFRR e outros. Essas entidades estão fazendo parceria com as comunidades indígenas. Porquê essa parceria? O indígena não esta preparado para trabalhar tecnicamente, para produzir, para vender o excedente do seu produto. Essa é a razão que buscamos a tecnologia na Embrapa e na Universidade. Desde 15 de abril deste ano, que estamos estabelecendo as parcerias e elaborando projetos. As lideranças, as comunidades estão chegando, trazendo os seus projetos".
Os anseios

"O sofrimento é muito grande, nós precisamos ajudar a construir naquela região, conjuntos habitacionais, com águas encanadas, banheiros, etc. O indígena hoje tem que melhorar de vida, não só na alimentação, mas também o seu modo de viver. Hoje em cada comunidade que nós chegamos, se bebe água gelada. E isso que o índio aprendeu. A tendência é melhorar a qualidade de vida. Isso não quer dizer que ele vai deixar de ser índio. Ele sempre continua a ser índio, não vai trocar o seu pensamento de ser índio, de maneira nenhuma. Mas ele precisa das melhorias para sobreviver".

A participação da comunidade
"Alguns pensam que o governo do estado está fazendo os projetos. Nós fazemos assim, as comunidades elaboram e apresentam através da SEI ao governo. As nossas equipes vão às comunidades levar os nossos pensamentos e, lembrar que a comunidade não deve viver só naquela situação. Enviamos os técnicos pra conversar, entrar entendimento com cada comunidade, pra ver se há possibilidade de fazer um projeto. É isso que nos fazemos. Hoje quando cada tuxaua ou líder de comunidade nos procura, ele pensa e diz assim, "eu também quero projeto". Ele pensa que nós estamos fazendo projeto com o governo do estado, mas não é.

"Olha tuxaua você tem que trazer o seu projeto. O quê o tuxaua precisa, qual e o pensamento da comunidade. Nós não temos nenhum projeto, a SEI não tem. Mas se o tuxaua quer água, fazer a sua roça irrigada, ele nos procura e vamos montar programas, projetos e buscar o recurso junto ao governo do estado e federal. Isso que nos queremos a participação. Muitos pensam que entrando o projeto hoje, sai amanha, mas não é assim. Precisamos montar o projeto, elaborar esse projeto, ver quanto vai custar esse projeto.

Os recursos
"Nós sabemos que existe recurso em todos os ministérios para a população indígena. Nós achamos muito pequeno, 2 milhões e meio, pra começar um trabalho. Nós calculamos 16 mil 864 habitantes, somente na área Raposa Serra do Sol. Há muitos anos, as comunidades precisam dessa ajuda, não e só agora que vem solicitando das instituições públicas. Esperamos que no próximo ano a gente tenha mais recurso.

Tenho falado sobre financiamento para a população indígena. Assim como o homem branco faz financiamento, nós temos que ensinar os indígenas a trabalhar com financiamento".

Dificuldades
"Nós não temos dificuldade aqui, nós temos técnicos na SEI, como na agricultura, como na Embrapa, na Universidade, só acionar o pessoal pra podermos elaborar projetos. Todos os dias estão trabalhando, estamos com 10 projetos em Brasília, e que serão aprovados para 10 comunidades. Eu não vou fazer projeto, nós temos técnicos para isso, o governo do estado tem, a Funai tem para assessorar e por ai nós estamos quase sem dificuldade".

Brasília com os ministérios e instituições
Em Brasília com a Funai, Sodiur, Cir, Apirr estamos hoje, empenhados para resolver o destino da população indígena do estado. Antes a Funai era para um lado, Sodiur para outro, Cir para outro, a Apirr para outro, hoje é diferente. Hoje as organizações estão unidas em prol do desenvolvimento das comunidades indígenas, na educação, na saúde, no transporte, na eletrificação, na estrada, nas pontes. Em Brasília na conversa com o presidente da Funai e toda a assessoria, tudo está concordado. A Funai aqui em Boa Vista está para ajudar a desenvolver as comunidades indígenas. Estamos juntos para resolver os problemas, foi isso que nós conversamos em Brasília com o presidente da Funai.

Novos rumos
"Eu quero dizer assim, se o governo federal não nos ajudar, quem vai nos ajudar? Se as nossas terras estão demarcadas e homologadas, nós vamos esperar quem agora? Vamos esperar o governo do estado ou federal jogar a cesta básica? O indígena hoje não quer cesta básica. Nos queremos trabalhar, nós queremos trabalho".

Assim como Deus ordenou ao homem a trabalhar, viver do seu suor. O índio já leu, já entendeu o que Deus deu pra ele, deixou esse recado. Hoje o indígena já sabe o que nós devemos fazer, como e o que nós devemos sobreviver.

O que eu quero dizer é isso, vamos continuar o nosso trabalho. Nós estivemos na comunidade Caju, de difícil acesso. Estivemos com 17 tuxauas na região. Tuxauas que vivem porque Deus e Pai, mas vive andando a pé, em cima do cavalo ou do burro, pra poder sobreviver.
Mas nós queremos mais apoio do governo federal, abrindo estradas, pontes pra aquelas pessoas, aquelas comunidades tão distantes da capital. Eles têm que andar 300 a 400 km de Boa Vista para chegar lá, ou seja 6 a 8 horas de viajem, o dia inteiro se anda, pois a estrada é muito ruim.

Nós queremos agradecer ao governo do estado que está sempre orientando o que devemos fazer para nossa população na área da educação, saúde e agricultura.
Com o apoio do Governo do Estado, a secretaria vem atuando não só na elaboração de projetos na pecuária, na agricultura, mas também na educação e saúde? Comenta o secretário, nós na SEI não medimos esforços para atender a todos. Mas estamos fazendo alguma coisa para esse povo sofrido. Nós fizemos projeto, falamos na roça, falamos na plantação da mandioca e do milho para o índio melhorar a qualidade de vida.Também nós lembramos de fazer o projeto para esporte. O indígena não vai estar só na roça, está no lazer, no esporte, a juventude e muitos gostam. Estamos com o projeto já feito, está em Brasília, quase em torno de meio milhão de reais. Assim nós queremos fazer, não só de agricultura, pecuária, mas de esporte também, para que tenham seu lazer, ao menos uma vez para o ano.
A SEI em função do artesanato, do papel das mulheres nas comunidades, ~e muito importante. " "Temos muitas artesãs lá nas Serras, os cestos vem de lá da região do Caju, feitos de palha de buriti, lindo, custa 15 reais. Quanto custou pra ele fazer isso lá! A SEI tem o Centro de Artesanato, pronto pra inaugurar. Para que os indígenas não tenham mais os atravessadores. Que venham direto pro Centro trazer o seu produto, o seu material, para ele mesmo vender ou alguém da comunidade. Hoje procuram muito o artesanato indígena. Estamos organizando o Centro de Artesanato Indígena. Como será a participação das comunidades, eles poderão vir à SEI e nos procurar. Se for preciso buscar o material nós vamos ter viatura para pegar lá na comunidade, porque o indígena não pode vir em cima de caminhão, em cima de qualquer carro, trazendo o seu produto. É isso que nós queremos fazer.
O pensamento do governo do estado é esse, ajudar as comunidades. Para isso existe na SEI uma ou duas viaturas pra ajudar a nossa população.
Comunidade Curicaca
A comunidade Curicaca, no local chamado Sol Nascente, do Município de Pacaraima recebeu a equipe técnica da SEI-Secretaria de Estado do Índio, numa reunião para traçar metas para o ano 2006.
A comunidade Sol Nascente é um desmembramento que está surgindo da comunidade Curicaca, com uma população de 43 pessoas em 09 famílias. Tem vários professores/as que trabalham nas escolas da região. Os homens podem fazer piscicultura, as mulheres se organizam para produzir mais artesanatos, diz o tuxaua. A comunidade está interessada em plantar melancia, que é difícil encontrar na região.
As mulheres estão se organizando para melhorar a participação na OMIR - Organização das Mulheres Indígenas de Roraima, onde elas conseguem acompanhar os homens, buscando apoio para melhorar a vida nas comunidades. A confecção em madeira é a especialidade da artesã Alcineide. Elas sustentam os trabalhos com a ajuda da criação de gado, coordenado pelas mulheres.

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