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Saúde indígena vive nova realidade na região do Purus

A Gazeta -Rio Branco-AC
Autor: NEIDE SANTOS
04 de Nov de 2001

O modelo de atendimento em saúde que está sendo implementado junto às comunidades indígenas do Acre, em Santa Rosa do Purus e sul do Amazonas, revoluciona por se tratar de uma proposta adequada à realidade desses povos, ao mesmo tempo que muda a visão sobre a necessidade de investimentos nessa área. Não por causa de óbitos e doenças, mas porque prevenir é viver bem e estar com saúde.
A instalação do Pólo Base em Santa Rosa funciona como porta de acesso para o Sistema Único de Saúde (SUS), pois a equipe do pólo, composta por dois enfermeiros, um auxiliar, um monitor e 19 agentes de saúde cumpre um cronograma mensal de visitas nas aldeias para fazer o acompanhamento nos atendimentos básicos.
O ponto estratégico desse sistema de atendimento é justamente o trabalho dos agentes indígenas, pessoas pertencentes às comunidades, que foram capacitadas em várias etapas de cursos modulares para atuarem nas aldeias como orientadores em questões de saúde básica e identificadores de casos graves, cujas informações devem ser repassadas ao Pólo Base.
Um sistema de radiofonia garante de fato a execução do programa, uma vez que permite a troca de informações entre os agentes indígenas nas aldeias e a equipe do pólo, possibilitando dessa forma a agilidade na retirada de pa-cientes em estado grave e correta adoção de medidas, dependendo do caso, o que evidencia o funcionamento de um sistema capaz de promover a saúde.

Primeiros resultados positivos
A UNI e a Funasa, responsáveis pela implementação do programa, já comemoram resultados positivos alcançados no primeiro ano de instalação, com mais de 106 atendimentos diários, incluindo consultas médicas, de enfermagem, procedimentos e orientações que somam um total de 39.038, marca jamais alcançada na região. O fator apontado como resultado mais positivo é a redução de 50% na incidência de doenças como as verminoses, que baixaram de 22% para 10%; as diarréias, de 18% para 9%; doenças de pele, de 30% para 28%. Quadro possível graças ao atendimento contínuo num universo de 12.616 pessoas, sem resguardar sábados, domingos e feriados. Essa prestação incisiva de serviço à saúde do índio, garantida através da parceria entre as duas instituições, possibilitou ao Brasil um diagnóstico sobre quem são e quantos índios existem hoje no Acre e sul do Amazonas, dados importantes para se obter bons êxitos em qualquer ação que venha a beneficiar as comunidades nesta parte do país. "Nossos esforços visam mudar a realidade ineficiente que se tinha, com campanha de vacinação e distribuição de medicamentos que em nada contribuíam para mudar a situação de abandono e falta de assistência aos povos", constatou o vice-prefeito de Santa Rosa do Purus, Francisco Lopes Kaxinawá.
Prioridade é não interferir na cultura
Os profissionais envolvidos no programa deixaram Rio Branco para fixar residência em Santa Rosa - pequeno município na fronteira com o Peru, que tem pouco mais de 700 habitantes - para fazer viagens com deslocamento em até três dias de barco e levar o atendimento às aldeias. Eles consideram que o principal desafio é estabelecer uma relação de confiança com esses povos.
A dificuldade é trabalhar pequenas mudanças que fazem a diferença em saúde e qualidade de vida sem interferir nos costumes que são parte da cultura indígena. Dentre os principais estão as formas como armazenam e manuseiam a água e o destino dado aos dejetos. Cuidados que atacam de frente as verminoses, doenças respiratórias e outras.
A inclusão de cloro na água e cuidados que se referem à higiene básica são diariamente acompanhados pelos agentes indígenas. As campanhas de vacinação realizadas perio-dicamente pela equipe do pólo garantem o suporte do programa, já que possibilitam a imunização contra 14 tipos de males como as hepatites, gripe e pneumocócicas, que fortalecem o frágil sistema imunológico dos índios.

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