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Saúde dos oceanos monitorada por satélite

O Globo, Ciência, p. 40
16 de Abr de 2008

Saúde dos oceanos monitorada por satélite
Inpe lança página na internet com informações sobre as condições do mar no Sudeste

Carlos Albuquerque

É como se o oceano passasse por uma ultra-sonografia todo dia. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) acaba de lançar uma página na internet (http://satelite.cptec.inpe.br/oceano) contendo uma série de informações sobre as condições do mar da região Sudeste, a partir de dados enviados por satélites meteorológicos. Fazem parte do material oferecido a concentração de clorofila, a temperatura da superfície e o volume das precipitações. De acordo com o oceanógrafo Mílton Kempel, um dos responsáveis pelo projeto, a página vai ser útil não apenas para verificar a qualidade do ecossistema marinho, mas também para a navegação, a pesca e até mesmo a prospecção de petróleo e gás.
- A página oferece indicadores que nos permitem fazer um monitoramento constante da saúde do oceano - diz ele. - Alguns desses indicadores estavam espalhados por outras áreas. O que fizemos foi juntar todos num mesmo lugar, acrescentando alguns novos indicadores, para facilitar a consulta.
A escolha da região Sudeste para iniciar o projeto se deu, segundo o cientista, por "questões de logística".
- Diversos institutos, empresas e associações que estão colaborando para o projeto estão dentro dessa área - explica. - Mas a idéia é ampliarmos a área de cobertura para outras regiões, o que deve começar a acontecer ainda este ano.
A clorofila é usada pelo fitoplâncton - microorganismos que vivem na superfície dos oceanos - para realizar a fotossíntese. Saber a sua concentração significa saber também qual o estado de saúde do mar, já que o fitoplâncton depende de certas condições ambientais para se reproduzir.
A concentração de clorofila é uma espécie de atestado da qualidade da água, da sua transparência - conta Kempel. - E como fitoplâncton é a base da troca de gases entre o oceano e a atmosfera, ele tem um papel importante na regulação do ciclo global de carbono, já que é através dessa interação que os oceanos fixam milhões de toneladas de CO2 por ano.
Dados sobre o fitoplâncton também têm um enorme valor econômico, já que podem ser úteis para a pesca na região. Cardumes podem ser localizados a partir desses indicadores, diz o oceanógrafo.
- Como o fitoplâncton está na base da cadeia alimentar marinha, peixes e alguns mamíferos que vivem na superfície se alimentam dele - diz Kempel:
Por fim, como o fitoplâncton se movimenta, passivamente, pelo oceano, sua trajetória serve como indicador das correntes marinhas.
- Isso é extremamente importante para a navegação e o planejamento de atividades além da costa - revela Kempel.
Já as informações sobre a temperatura do mar, fornecidas pela página criada pelo Inpe, têm utilidade para as atividades petrolíferas.
- Tanto a temperatura da superfície como a cor do oceano podem oferecer informações valiosas sobre o padrão superficial das correntes - diz o oceanógrafo. - Isso é muito importante para a exploração de petróleo.

O Globo, 16/04/2008, Ciência, p. 40

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