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'Santuário ecológico' ganha lei de preservação do governo estadual

JCNET - https://www.jcnet.com.br
Autor: Aurelio Alonso
03 de Mar de 2019

'Santuário ecológico' ganha lei de preservação do governo estadual
03/03/2019 07:00

Aurélio Alonso

Botucatu, Anhembi e Dois Córregos integram a APA do Tanquã-Barreiro Rico da região de Piracicaba, formada pelo remanso da usina de Barra Bonita

Uma imensa região semelhante ao pantanal mato-grossense com aves e animais exóticos no centro do Estado de São Paulo pode servir para movimentar o turismo ecológico e sua preservação servir a pesquisas científicas. Desconhecida do público em geral, recentemente o governo do estado criou por lei estadual a Área de Preservação Ambiental (APA) do Tanquã-Barreiro Rico que se estende por matas e alagados na região de Piracicaba e região de Bauru.

Esse ecossistema é um refúgio de aves migratórias, onde podem ser avistadas espécies de garças, colheireiros, socós, tuiuiú (ave símbolo do pantanal mato-grossense), gaviões, ratões-do-banhado e outros mamíferos completam a paisagem.

A APA Tanquã-Barreiro Rico envolve seis municípios em uma extensa área de 14.057,30 hectares, onde vivem animais em extinção entre os municípios de Anhemhi, Botucatu, Dois Córregos, Piracicaba, Santa Maria da Serra e São Pedro, que são banhados pela represa de Barra Bonita, no Rio Tietê.

Mas a região é rica em avifauna, Ibitinga há 32 anos tem uma APA que foi instituída em 1987 para proteção do "Pantaninho" (várzea do rio Jacaré-Pepira) e "Varjão" (áreas alagadas próximas do Jacaré-Guaçu).

O grande desafio dessas unidades é como será executado o zoneamento dessas áreas e o Plano de Manejo. A APA do Tanquá, criada em 22 de dezembro pelo decreto no 63.993 do governador Márcio França (PSB), foi uma conquista de ambientalistas para evitar que uma barragem fosse construída em Santa Maria da Serra para ampliar a navegabilidade da hidrovia Tietê-Paraná à região de Piracicaba. A obra ameaçava inundar imensa área que acabaria como "Pantanal Paulista", nome dado ao ecossistema que surgiu nos últimos 50 anos com a construção da represa de Barra Bonita.

Com a criação da APA o objetivo é a conservação da avifauna residente, migratória e a biodiversidade aquática e promoção do turismo com bases sustentáveis.

Na região de Bauru há outro trecho em dimensões menores do que as duas APAs criadas por lei estadual com as características semelhantes ao "Pantanal Paulista". Trata-se da Marambaia na divisa de Jaú com Bariri e Itapuí. O local é destino para migração das aves do Pantanal. Um complexo de águas, onde os córregos Olhos D' água, Pouso Alegre e Ribeirão da Prata desembocam no rio Jaú e Tietê.

A Associação Jauense de Ambiente e Cultura foi fundada em março de 2017 no intuito de atuar na defesa do meio-ambiente e do patrimônio cultural de Jaú, além de estimular e aglutinar aqueles que praticam a fotografia como arte ou lazer. Essa entidade vem fazendo campanhas para preservação da Marambaia.

Municípios de Botucatu, Dois Córregos e Anhembi têm faixa de terra que será preservada com a aprovação da Área de Preservação Ambiental

O Mini Pantanal do Rio Bonito na região de Botucatu faz parte da Área de Preservação Ambiental (APA) Tanquã-Barreiro Rico recém aprovada pelo governo estadual que envolve seis municípios: três deles na região de Bauru: Botucatu, Dois Córregos e Anhembi. A área maior, no entanto, desses 14.057,30 hectares do chamado "Pantanal Paulista", fica entre Piracicaba, São Pedro e São Maria da Serra banhada pela Represa de Barra Bonita, no Rio Tietê.

Um dos últimos atos do governador Márcio França (PSB) foi assinar o decreto no 63.993, publicado no Diário Oficial em 22 de dezembro do ano passado, que criou a APA para conservação da avifauna residente, migratória e a biodiversidade aquática para possibilitar ações de manutenção e melhoria da qualidade da água e promoção do turismo com bases sustentáveis. Nessa região também tem colonia de pescadores.

No banhado é comum ver garças, biguás, carcarás, jacarés-de-papo-amarelo e até onças-pardas, comuns no pantanal mato-grossense. Esse ecossistema foi formado há cerca de 50 anos após a construção da barragem da usina hidrelétrica de Barra Bonita, no Rio Tietê.

O secretário municipal do Verde de Botucatu, Márcio Piedade Vieira, cita que a nova APA estadual integra a fazenda Barreiro Rico pertencente àquele município. "É uma região de banhado do Tanquã, popularmente chamado de Mini Pantaninho do Bonito. Nessa fazenda tem remanescente da Mata Atlântica, uma das maiores concentrações de macacos por área. Por isso pensou-se fazer a reserva ecológica, juntando com o banhando do Tanquá, região diferenciada no Estado de São Paulo", diz Vieira. O local é de banhando e não atinge o Bonito, onde há orla e várias chácaras no município de Botucatu.

A nova APA é uma reivindicação de ambientalistas para preservar área que esteve ameaçada de desaparecer, quando houve estudos do governo do estado de construir uma nova barragem para a ampliação da navegabilidade da hidrovia Tietê-Paraná. O barramento ficaria próximo ao Rio Piracicaba, em Santa Maria da Serra, o que inundaria uma área de 67 km2, deixando debaixo d'água o Tanquã.

O secretário destaca que, o fato de ser APA não impede as atividades agrícolas, mas terá um grupo de gestão ambiental para elaborara um Plano de Manejo, que terá que ser aprovado pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente. "Onde está essa mata não poderá ser derrubada, mas ela já é uma área que não pode desmatar mesmo antes da criação da APA. É importante preservar essa área para estudar esse bioma", cita o secretário do Verde.

A Fundação Florestal de São Paulo identificou nessa região de APA mais de 100 aves aquáticas que vivem nos leitos do Tanquã-Barreiro Rico-Piracicaba, afluentes do Rio Tietê, cinco espécies de primatas, inclusive o maior macaco das Américas. Também tem várias madeiras nobres, como espécies de peroba rosa e jequitibá.

A Fundação para a Conservação e Proteção Florestal do Estado de São Paulo (Fundação Florestal), vinculada à Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, vai administrar a APA.

O secretário ressalva que para o turismo sustentável é bom, mas isso tem que ser controlado, com estudos para saber a capacidade que essas matas têm para receber visitas. "Se tiver o equilíbrio, vamos chegar a um meio termo. É bom ter esse ambiente preservado e não vai atrapalhar os proprietários de terra da região", finaliza.

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