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Sabores da água: cloro, terra, mato

OESP, Metrópole, p. C3
19 de Set de 2008

Sabores da água: cloro, terra, mato
Nem purificador resolve problema em SP

Mônica Cardoso, SÃO PAULO

A dona de casa Cleide Nahas, de 47 anos, sentiu um gosto ruim na comida. O marido disse que o café estava com sabor diferente e a filha reclamou do chá. Conversando com os vizinhos do edifício onde mora, na Bela Vista, em São Paulo, percebeu que todos tinham a mesma queixa. Chegaram a pensar que o motivo fosse a reforma no condomínio, até descobrirem a verdadeira causa do problema: a água. "Mesmo a água filtrada do purificador fica com esse gosto ruim. Agora só usamos água mineral", diz.

Apenas parte do problema, no entanto, foi resolvida. Isso porque a família usa água da torneira para escovar os dentes e tomar banho. "Meu marido está com irritação na pele e a dermatologista disse que foi causada pelo excesso de cloro." Cleide ligou para a Sabesp, mas ficou mais de meia hora embalada com uma "musiquinha irritante". Nem chegou a falar com a atendente.

Ainda na Bela Vista, a gerente Alessandra Roperto, de 32 anos, da Cantina Roperto, sente um gosto de terra no café, mesmo quando ele é preparado na máquina de expresso. "Eu percebo até um cheiro diferente", diz.

Para o cirurgião-dentista Marco Antonio Gaia, de 51 anos, a água que chega ao seu apartamento está com gosto de mato. Os moradores do edifício onde ele vive, na Aclimação, pensaram que fosse algum produto usado na limpeza da caixa d'água, mas os funcionários garantiram que seguiram o procedimento padrão. Ele ligou para a assistência técnica do purificador pedindo a reposição do filtro, que ainda estava dentro do prazo de garantia. "O atendente disse que nem adiantava trocar porque o problema é com a água da Sabesp na região da Vila Mariana, Paraíso, Cambuci, Liberdade e Aclimação, que está infestada de algas", lembra.

A alteração no odor e sabor da água é causada pela geosmina, uma proteína produzida pelas algas azuis ou cianobactérias. "A geosmina não é tóxica, mas indica que a qualidade da água nos reservatórios não está boa e que a quantidade de algas precisa ser controlada, já que elas produzem outras substâncias, como as toxinas, que causam danos à saúde", explica Célia Sant'Anna, pesquisadora do Instituto de Botânica da Secretaria Estadual do Meio Ambiente.

OESP, 19/09/2008, Metrópole, p. C3

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