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Sabesp diz ter evitado uma nova tragédia de Mariana

FSP, Cotidiano, p. B6
12 de Mar de 2016

Sabesp diz ter evitado uma nova tragédia de Mariana
Represa que integra sistema Cantareira absorveu 5 bilhões de litros em um dia
Prefeitura de Franco da Rocha reclama de demora de alerta e falta de piscinões; cidade ficou alagada

Fabrício Lobel

O presidente da Sabesp, Jerson Kelman, disse à Folha que, após as chuvas sobre a Grande SP, a empresa paulista de saneamento teve que agir para garantir a segurança da barragem da represa Paiva Castro, em Mairiporã.
A ideia era "evitar Mariana", em referência ao rompimento de barragem na cidade mineira, no final do ano passado, em que um mar de lama matou 19 pessoas. A represa representa 6% do sistema Cantareira e é a mais próxima da Grande São Paulo.
Com as chuvas entre a noite de quinta (10) e a madrugada de sexta (11), a represa encheu muito rapidamente e, por volta das 6h40, as comportas foram abertas pela Sabesp para evitar que a barragem se rompesse.

VOLUME
Para se ter uma ideia, das 18h de quinta até as 6h desta sexta, a represa recebeu 125 mil litros de água por segundo, devido às chuvas. O pico foi à 1h, quando o fluxo de entrada de água na represa chegou aos 239 mil litros por segundo. Para efeito de comparação, isso é quatro vezes o volume de água consumido pela Grande São Paulo.
Com a represa cheia, as comportas tiveram que ser abertas. A Sabesp passou a liberar água ao ritmo de 20 mil litros por segundo, em média (o pico do escoamento foi por volta das 13h de sexta, quando a empresa liberou 50 mil litros por segundo). A água escoou em direção às cidades de Franco da Rocha e Caieiras, que já sofriam com enchentes.
A represa funcionou como uma esponja e absorveu 5 bilhões de litros da água.
Antes das chuvas, a represa Paiva Castro tinha 35% de sua capacidade. Mas, às 7h da manhã, o índice da represa chegou a 99,4%.
"Há um protocolo de ação. Avisa-se a Defesa Civil e o prefeito (...) e depois, caso a represa continue enchendo, abre-se as comportas (...) Não queríamos outra Mariana (MG) em São Paulo", afirmou Kelman. Caso a água das chuvas vazasse por cima da barragem, haveria risco de seu total rompimento. A partir daí, 7,5 bilhões de litros de água escoariam sem controle serra abaixo.
A efeito de comparação, no último dia 5 de novembro, o rompimento da barragem de Mariana liberou cerca de 35 bilhões de litros de lama.
Mas diferentemente do que ocorreu em Minas Gerais, Kelman disse que a barragem da Sabesp não chegou a estar sob risco e que o protocolo de ação da estatal funcionou.
Kelman, que é especialista em hidrologia e controle de enchentes, afirma que, se não fosse pela represa, o efeito das enchentes sobre as cidades de Franco da Rocha e Caieiras seriam muito maiores.

ALAGADOS
O prefeito de Franco da Rocha, Kiko Celeguim (PT), no entanto, não concorda com a visão de que a represa "salva" a cidade.
Para ele, a cidade permaneceu alagada durante toda a sexta-feira devido à abertura das comportas.
Ao contrário do que informou Kelman, o prefeito de Franco da Rocha alega que só soube da abertura das comportas por volta das 9h de sexta, duas horas após o início da manobra.
"Deveria ter um investimento de reservatórios [piscinões] para que em momentos como esse a gente tenha uma capacidade de resiliência maior. E esse investimento é impossível que a prefeitura financie."
Há na cidade um contrato de construção de dois piscinões (com verba estadual e federal), mas a gestão local só conseguiu a desapropriação dos terrenos no último semestre de 2015.

FSP, 12/03/2016, Cotidiano, p. B6

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/03/1748846-evitamos-uma-nov…

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