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Roubo de mogno dá multa de R$ 7 milhões

O Liberal-Belém-PA
10 de Jul de 2002

O roubo de sete mil toras de mogno da reserva indígena caiapó - cerca de 18 mil metros cúbicos -, avaliadas em R$ 80 milhões, deve custar aos madeireiros envolvidos uma multa de R$ 7 milhões, segundo previsão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A multa por cada metro cúbico da madeira, apreendida no final do mês passado às margens do Rio Xingu, a apenas 40 km de São Félix do Xingu, será de no mínimo R$ 100,00, podendo alcançar até R$ 700,00. Se ficar no patamar máximo, o valor total da multa alcançará R$ 12,6 milhões. O agravante do crime reside no fato de a madeira ser procedente de área indígena.

O mogno foi descoberto durante sobrevôo de fiscais do Ibama num avião engajado na operação "Amazônia Fique Legal". Homens armados foram vistos do alto, escoltando uma balsa que descia o leito do Rio Xingu, com as toras amarradas umas às outras por cabos de aço. Ao ver o avião do Ibama, os capangas dos madeireiros entraram na mata e sumiram. A madeira só foi descoberta porque, nesta época do ano, com o nível baixo do rio, ela costuma ficar encalhada. A PF, a pedido do Ministério Público, abriu inquérito e está tentando identificar os responsáveis pelo mogno, que devem ser processados por roubo, formação de quadrilha e crime ambiental.

Armação - Os fiscais do Ibama e os agentes da PF que vieram de Brasília para garantir a apreensão da madeira e sua retirada do local, descobriram que os madeireiros estavam abrindo estradas na região tentar retirar todo o mogno por terra. Caminhões e tratores eram posicionados na mata para a realização do serviço. Os índios caiapós, de quem os madeireiros costumam comprar o mogno a preço muito baixo, haviam autorizado a derrubada das árvores. Em troca, além de dinheiro, vinham recebendo armas e remédios. O destino da madeira será um local mais seguro, bem distante da reserva caiapó. É pensamento do Ibama doar toda a madeira para as prefeituras da região utilizarem na construção de casas populares e escolas. Entidades e movimentos sociais defendem o repasse da madeira às prefeituras, mas querem fiscalizar desde o beneficiamento do mogno nas serrarias até sua entrega aos trabalhadores de baixa renda.

Nas mãos de prefeitos, o medo dos movimentos sociais é que a madeira tenha um destino político, para beneficiar candidatos durante a campanha eleitoral. Hoje, madeira apreendida, segundo norma do próprio Ibama, não pode mais ser leiloada. Foi a maneira encontrada de evitar a compra em leilão do mogno pelas mesmas empresas autuadas pelo órgão por extração ilegal.

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