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Rodoviária é morada até final do ano

Diário da Manhã - http://www.diariodamanha.com/
30 de Dez de 2011

Previsão de abrigo no local estava previsto para até o Natal, mas o grupo de 14 famílias vai permanecer até o final do ano

As famílias indígenas acampadas próximo à Estação Rodoviária de Passo Fundo permanecem no local até a virada do ano. A situação é preocupante, principalmente no que diz respeito às crianças que estão acompanhando seus pais. A venda de artesanato é o motivo do deslocamento dos indígenas de suas áreas para cidades com maior movimento de pessoas.

Dados da Fundação Nacional do Índio (Funai) de Passo Fundo, apontam que o número famílias indígenas que estão de passagem no entorno da estação rodoviária corresponde a 10 próximo ao Rio Passo Fundo e mais quatro no pátio da estação. A aldeia de origem dos índios é Charrua e estão no local desde uma semana antes do Natal.

Como informa o chefe de serviço do Serviço de Planejamento (Seplan) da Funai, Neri Kamis Ribeiro, a previsão de retorno se estendeu para os primeiros dias do ano. "Eles me falaram que no mais tardar segunda-feira (02) estão voltando. Alguns outros me disseram que também vão embora, mas somente na semana que vem", afirma Ribeiro.

De todas as famílias, apenas uma mulher disse a Ribeiro que pretendia ficar até dia 10. "Amanhã sairá uma definição final", enfatiza o chefe de serviços. Uma ação de despejo foi movida e a Funai está negociando com as famílias acampadas. Os indígenas destacam que o terreno não foi invadido, apenas estão lá para fazer as entregas. Eles tem mais encomendas e pretendem entregar todas até retornar, mas querem voltar pra casa.

Segundo o coordenador regional da Funai, Adir Reginato, a entidade não pode obrigar às famílias a se retirar. "Existe a liberdade deles de ir e vir. A Funai sugere a volta às suas reservas, mas fica a critério deles a ação", destaca.

Situação preocupante

De acordo com a conselheira Eliane Lisboa dos Santos, a situação preocupa o Conselho Tutelar, tanto que o órgão se propôs a fazer uma reunião com essas famílias para falar com os pais sobre a responsabilidade que devem ter com os seus filhos. "Respeitamos a questão dos usos costumes, a cultura deles, mas as crianças não podem ficar expostas, pedindo, andando sozinhas pelas ruas, enfim, sofrendo violação de direitos e suscetíveis aos maus tratos", considera ela.

O Conselho Tutelar encaminhou um ofício para o Centro de Referência Especializado de Assistência Social pedindo que o Serviço Especializados em Abordagem Social faça o acompanhamento dessas crianças, identifique a família e verifique que tipo de encaminhamento pode ser dado. "Buscamos a orientação, as crianças podem ficar com os pais, porque eles não vão morar ali, mas que eles merecem estar juntos, protegidos e cuidados pelos seus pais", declara a conselheira.

Denúncia

A denúncia acerca dos índios acampados envolve principalmente as
crianças, que ficam sozinhas na rua, muitas vezes sem a presença de seus pais. "Quando eles saem com seus pais, não há maiores problemas. O que agrava é que as crianças ficam sozinhas e iam nos carros, abordando as pessoas que aguardam para viajar", pontua Santos.

Conforme Reginatto, é de costume dos kaingangs levarem a família junto consigo nessas ocasiões e acredita que as crianças não estão desassistidas. "As crianças estão com os pais, eles não perdem o olho dos filhos", contesta. A situação das famílias acampadas próximo a estação Rodoviária de Passo Fundo se repete em outras cidades. "Nesta época do ano, eles estão em vários municípios da região, como Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Canela e Gramado", justifica, lembrando que a prática do deslocamento para outras cidades no final do ano para venda de artesanatos é uma prática usual dos indígenas.

Um trabalho de conscientização pretende ser iniciado para que nessas ocasiões em que os índios saem de suas aldeias para vender artesanato em outras cidades, possam fazer sozinhos, apenas adultos, deixando as crianças na reserva. "Nosso poder de atuação não pode fazer esse trabalho de levar os índios de volta para a área. Nem temos respaldo judicial para fazer isso", afirma Ribeiro. A solução encontrada no momento é o diálogo. "Temos que conversar e fazer com que entendam que as coisas estão erradas. Fica complicado porque não podemos fazer uma ação afetiva", conclui ele.

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