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Rodoanel sabotado

FSP, Opinião, p. A2
26 de Dez de 2005

Rodoanel Sabotado

No capítulo mais recente da interminável novela do Rodoanel paulista, uma querela jurídica deve atrasar ainda mais a obra. A 11ª audiência pública sobre o Rodoanel foi cancelada por uma liminar obtida pelo Ministério Público Federal (MPF). Embora o trecho em causa deva ser construído na região sul da capital, o MPF, manifestando um interesse exacerbado por questões indígenas, alegou que a audiência não poderia ser realizada devido à falta de estudos acerca do impacto da obra sobre uma aldeia localizada no Jaraguá, que -note-se- está localizada na zona oeste da capital.
O governo estadual recorreu da decisão e apresentou uma carta na qual um representante do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) declara não ser necessária a apresentação desse estudo antes da audiência pública. Além disso, o Estado previu a criação de quatro unidades de conservação, somando um total de 1.200 hectares, para compensar o desmatamento. A Justiça Federal manteve, porém, a liminar.
A decisão é irracional e vai contra os interesses do Estado e da cidade de São Paulo, pois com ela são mínimas as chances de o Estado firmar contratos e iniciar os trabalhos dentro do prazo previsto pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
Diante desse quadro, é razoável supor que interesses políticos conspiram para sabotar a conclusão da obra, que já não recebe do governo federal a atenção devida. O trecho sul do Rodoanel vai integrar rodovias para facilitar a circulação de cargas para o porto de Santos, reduzindo a presença de caminhões pesados nas ruas da capital.
Fica a sensação de que "problemas" como a inverossímil possibilidade de o trecho sul prejudicar o cotidiano de remanescentes indígenas na zona oeste são suscitados só porque o governador Geraldo Alckmin postula a Presidência da República.

FSP, 26/12/2005, Opinião, p. A2

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