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Ritual indígena secreto mais esperado inicia no último fim de semana de agosto

Funai - www.funai.gov.br
29 de Ago de 2008

No próximo domingo (31), os índios da etnia Fulni-ô darão início ao evento mais importante para eles: o Ouricuri. A aldeia fica vazia pois todos se deslocam para a região sagrada onde anualmente acontece o ritual religioso e secreto. Atualmente o povo Fulni-ô está localizado no Município de Águas Belas, a 365 km de Recife, e tem uma população de aproximadamente 6 mil índios, em sua maioria bilíngües. Apesar de sofrerem forte influência de outras culturas, os indígenas mantêm sua cultura e sua língua, o Yaathe.

O Fulni-ô tem como regra a proibição de falar do ritual.

Para o Fulni-ô, Awassury de Sá, 23 anos, um dos motivos do ritual ser secreto é que os indígenas acreditam que se não fosse sigiloso, os seus conterrâneos brasileiros teriam algo mais para destruir.

O Ouricuri é um momento de concentração total em Deus. Na abertura é celebrada uma missa pelo bispo da diocese de Garanhuns-PE e a partir do meio-dia a permanência no local é restrita somente aos Fulni-ô. O que pode ser dito é que há uma divisão entre os homens e as mulheres para que ambos purifiquem-se espiritual e mentalmente. O objetivo é livrar os participantes de qualquer sentimento que venha interromper a concentração, para que possam desenvolver as responsabilidades estabelecidas pelo ritual. Nesse período não é permitido manter relações sexuais dentro do Ouricurí. Embora não se pratique uma abstinência sexual absoluta, respeita-se o lugar sagrado, mantendo este tipo de relação na aldeia onde moram.

O Fulni-ô, Cícero Brito, 33 anos, explica que a expectativa é tão grande que aproximadamente um mês antes do início do ritual, os indígenas deixam de lado atividades rotineiras para se concentrar. Muitos se deslocam da aldeia para dormir no local onde é realizado o culto. "Nossa religião é muito bem planejada e completa. O Ouricurí é uma terra santa, não permite outro pensamento que não o religioso", afirma Brito.

Liderados pelo cacique e o pajé, os Fulni-ô têm o Ouricurí como fator fundamental para a resistência e os costumes ancestrais, como a língua Yaathe que é a base para a prática do rito.

Ouricurí espaço físico:
É o local onde os indígenas passam três meses dedicados as práticas do ritual. Há 5 km da Aldeia, antigamente o Ouricurí era composto por casas de palhas, as quais eram refeitas anualmente. Para maior segurança do povo e devido à escassez da matéria-prima e sua pequena durabilidade, as casas passaram a ser construídas em taipa e depois tijolos.
Durante a moradia no Ouricurí, os homens dormem separados das mulheres. Eles em torno do juazeiro sagrado, em galpões ou ao relento. Elas nas casas ou também ao relento. Mesmo sem luz elétrica e pouco conforto, os habitantes da pequena reserva se dizem muito felizes. Segundo eles a terra santa é um local onde se fala em Deus em todo o momento.

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